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Jesus dizia a todos: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me. Lucas 9:23.

24 dezembro 2018

O Presente de Natal é Jesus Estar Presente



Bem falou Exupéry, “O essencial é invisível aos olhos”. De fato, as coisas mais significativas da vida são sentidas muito antes de serem vistas, elas nascem, primeiro, no coração e na consciência e, só depois, ganham materialidade e podem ser perceptíveis aos olhos. 

Paulo trata deste tema se referindo também aos fatos de natureza espiritual, ele afirma que há coisas na vida que só podem ser compreendidas se discernidas espiritualmente. Foi exatamente isso que aconteceu com os que estavam no Templo de Jerusalém no primeiro Natal. 

Naqueles dias, José e Maria foram, conforme o costume da Lei, apresentar o menino recém-nascido diante de Deus. Eles entraram no “lugar sagrado”, ali estavam acontecendo todas as liturgias e rotinas da religião, sacerdotes ofereciam sacrifícios pelos pecados do povo, levitas faziam suas oblações, transeuntes traziam seus dízimos e os depositavam nos gazofilácios, os objetivos cúlticos estavam em seus devidos lugares, havia canções e orações sendo proferidas, mas ninguém notou que o Salvador do Mundo adentrou aquele espaço. 

Eles serviam a um Deus a quem jamais conheceram, desenvolveram para si um tipo de espiritualidade que cega a consciência e endurece o coração, não podiam discernir, viam apenas as exterioridades, o essencial não podia ser compreendido porque a Revelação não havia acontecido. 

Lucas narra este fato no capítulo 2 de seu Evangelho. Ainda que ali estivessem milhares de pessoas, só Simeão, um homem piedoso da cidade, e Ana, uma profetiza velha e viúva, entenderam que o Messias havia chegado, a Encarnação de Deus, na figura de um menino, estava ali, diante de todos, mas a maioria deles não podia ver, seus olhos estavam embotados. 

Como bem disse Tertuliano: “credo quia absurdum” – creio porque é absurdo! Eu lhe desejo, com todo afeto, um Feliz Natal! Sim, lhe desejo um Natal onde Jesus possa ser sentido em seu coração, um Natal onde sua Mensagem possa ser discernida em sua Consciência e um Natal onde o Seu Espírito lhe habite trazendo a revelação de quem, de fato, ele é. 

Eu não sei se você frequenta um local de culto religioso, não sei se está envolvido com rotinas eclesiásticas ou mesmo se é um sacerdote, ou líder, o que sei é que este é um tempo de Templos cheios e almas vazias, onde a esmagadora maioria das pessoas sabe quem é Jesus, do ponto de vista da historicidade da fé, mas jamais teve um encontro pessoal com ele nas ambiências do coração. 

Naqueles dias, nem mesmo os rabinos, os doutores da Lei e os escribas puderem perceber o que estava acontecendo, pois eles sabiam tudo sobre a Letra, mas nada compreendiam sobre o Espírito, os Magos, do Oriente, fizeram a leitura correta, mas os teólogos de Jerusalém passaram batido, estavam entretidos com o negócio da religião. 

Contudo, diz o apóstolo João, “Mas, a todos quanto o receberam, deu-lhes o poder de serem chamados Filhos de Deus”! Que o Pai lhe dê, neste Natal, o maior de todos os presentes, que é a revelação de que Jesus está presente, ele habitou entre nós, se fez um de nós, viveu como um de nós, morreu como um de nós, mas Ressuscitou, como haveremos de ressuscitar todos nós, os que cremos em seu Nome! 

Um beijo carinhoso neste dia da Festa do Amor! 


Carlos Moreira


17 dezembro 2018

Síndrome de Lúcifer: Quando o Mal Vence o Bem

Na última semana, em entrevista ao programa global do jornalista Pedro Bial, a holandesa Zahira Lieneke, uma das mulheres presentes, denunciou o médium João Teixieira de Faria – o João de Deus – por abuso sexual. João atua há mais de 40 anos fazendo cirurgias e outras ações de curas espirituais no município de Abadiânia, interior de Goiás, num centro de atendimento chamado “Casa Dom Inácio de Loyola”, onde cerca de 20.000 pessoas são submetidas, todos os meses, aos seus procedimentos terapêuticos. Nesta semana, o Ministério Público recebeu mais de 300 denúncias de mulheres que se dizem abusadas sexualmente por João de Deus, algumas das quais relatam que teriam sofrido a violência quando ainda eram crianças ou adolescentes. As Escrituras Sagradas não negam a existência da paranormalidade, há casos, tanto no Velho Testamento quanto no Novo, onde encontramos a liberação de poder sobrenatural através de magos, místicos, feiticeiros e paranormais, os quais operaram coisas extraordinárias, inclusive curas. A questão que se põe diante dos acontecimentos, todavia, é a seguinte: como pode um homem que realiza o bem a tantas pessoas ser também, ao mesmo tempo, um instrumento de tamanha maldade e perversão? O que leva o indivíduo que lida com o sobrenatural a entrar neste caminho adoecido onde o mal parece ser justificado em função de todo bem que está sendo promovido? Qual a fenomenologia por trás deste processo de desconstrução da consciência e de anomalização das interações que se dão no trato humano? E mais, no caso específico de Abadiânia, o que podemos afirmar? Será que estamos lidando com uma possessão demoníaca, um caso de insanidade mental, de perversão de natureza psicológica, ou uma sociopatia que se esconde por detrás de um dom sobrenatural? Assista a menagem e chegue a suas próprias conclusões!


 

15 dezembro 2018

João de Deus e a Cidade “Santa”



Pobre Abadiânia. Sim, tu, pequena Abadiânia, estais fadada a experimentar dias de desolação, pois o cenário econômico-religioso que te fazia prosperar, atraindo turistas e visitantes em busca de cura e libertação, está com os dias contados. 

É curioso como o fenômeno da religião tem esse poder de imantar pessoas e lugares, de sacralizar indivíduos de carne e osso e construções de tijolo e cimento. Sempre que algo desta natureza ocorre, logo se percebe a necessidade de se erigir um templo, um centro, uma casa de milagres, um espaço onde o sobrenatural aconteça de tal forma a atrair as pessoas, é o "Tanque de Betesda" em forma arquetípica. 

Por isso Jesus jamais se fixou em lugar algum, fosse assim ele abriria a Casa de Yeshua, e logo os discípulos estariam “trabalhando” no negócio do sagrado, vendendo quinquilharias, dando passes e derramando água benzida sobre enfermos e possessos. 

O tempo passa, o mundo gira, mas o fenômeno ainda é o mesmo... Abadiânia, Aparecida, Juazeiro, e outros lugares milagreiros são, na sua medida, a Jerusalém dos dias de Jesus, a cidade “santa”, onde existe o lugar sagrado, o homem do sagrado, as curas milagrosas, as unções de poder, as intercessões libertárias, os transes histéricos, as intermediações negociadas, os ascetismos estéticos, as purgações meritórias. 

Por isso o Galileu entrou naquele espaço e denunciou que ali se fazia comércio da Fé, pois se vendia todo tipo de objeto imantado, se operava o câmbio do dinheiro, se comprava animais para o sacrifício, animais estes criados nas fazendas dos comerciantes ricos da cidade, se consumia as ofertas de manjares, todas feitas a partir da plantação das fazendas agrícolas, era um negócio rentável - produzir, transportar, vender, aplicar - e todo mundo levada algum, até mesmo o sinédrio tinha o seu quinhão. 

Em Abadiânia não é diferente. Tem a água benta, a garrafa da água, o rótulo da garrafa, a indústria que produz, o caminhão que carrega, a barraquinha que vende, é uma cadeia de negócio, tudo entrelaçado, e é isso que faz a “roda girar”. E tem medicamentos, tem souvenirs, tem pousadas, restaurantes, lugar para comprar lembrancinhas, camisas, livros, tem de tudo, e todo muito ganha com o tráfego de gente e o comércio do sagrado. 

Por isso os Espíritas tem restrições ao João de Deus, pois no Kardecismo não se cobra nada para ser fazer o bem, coisa bem diferente dos neopentecostais evangélicos, que além dos dízimos cobram pedágios em suas campanhas para realizar curas e produzir libertação. 

João será preso, não tenho dúvidas, e Abadiânia vai precisar de outro “santo” para sobreviver, um “Roque Santeiro” fazedor de milagres, pois, doutra forma, como irá se sustentar? Fica a dica para o Macedo, o Estavan Hernandes, o Agenor Duque e o Valdemiro, gente especializada em fazer negócio com o povo em nome de Deus. Se um destes topar, fique certo, Abadiânia crescerá o dobro do que é hoje, quiçá, se tornará a capital de Goiás.


Carlos Moreira




11 dezembro 2018

A Falência Múltipla da Pós-Modernidade

Na semana em que um cãozinho vira-lata foi brutalmente assassinado a golpes de barra de ferro, nas dependências de uma grande cadeia de supermercado, o que gerou, sobretudo nas redes sociais, uma enorme comoção, cabe perguntar: o que aconteceu conosco? Onde foi que nos perdemos de nós mesmos? Por que nos tornamos tão insensíveis, desumanizados? E mais... Por que certas cenas do cotidiano, muito mais violentas e dramáticas, envolvendo mulheres, crianças, velhinhos, policiais, mendigos de rua, não nos sensibilizam mais? Será que estamos esgotados de tantas cenas negativas? Será que a mesmice da rotina cegou a nossa retina? Ou terá sido a nossa psiquê que sofreu um apagão, que ficou leprosa, perdendo toda a capacidade de sentir e discernir o que está no nosso entorno? Nesse tempo onde tudo é “líquido”, passageiro e fugaz, nessa civilização da virtualização, onde o técnico se sobrepõe ao tátil, onde a imagem faz prescindir a presença, a vida dessignificou-se, banalizou-se, somos como zumbis, andando na direção insólita do futuro, mas ainda não percebemos que o futuro já chegou, é hoje, é agora. Sim, desgraçadamente, morremos enquanto íamos vivendo, nem isso fomos capazes de perceber, estamos sepultados na vala dos dias e cobertos com a terra que devora a alma, nosso túmulo, que ironia, tornou-se a nossa própria consciência. Ainda assim, cabe questionamentos: qual a fenomenologia por traz de tudo isso? Quais foram os acontecimentos que nos levaram a ruína, quais indícios tínhamos de que estávamos num caminho sem volta? Será que é possível parar o trem e pular do trilho, antes do encontro irremediável com o destino final? Diante de tudo isso, lembro das palavras de Jesus, quando ele afirma: "Bem aventurados os que choram, por que serão consolados". De fato, quem ainda tem lágrimas para derramar no chão duro do cotidiano, pode mesmo se achar verdadeiramente rico na existência. Assista a mensagem e faça sua própria reflexão!


 

10 dezembro 2018

“João sem Deus”?



Na última semana, em entrevista ao programa global do jornalista Pedro Bial, a holandesa Zahira Lieneke, uma das mulheres presentes, denunciou o médium João Teixieira de Faria – o João de Deus – por abuso sexual.

João de Deus atua há mais de 40 anos fazendo cirurgias e outras ações de curas espirituais no município de Abadiânia, interior de Goiás. A Casa Dom Inácio de Loyola, onde os procedimentos são realizados, tornou-se mundialmente conhecida e recebe cerca de 10 mil pessoas por mês para tratamento.

Ontem, no programa Fantástico, outro grupo de mulheres veio a público para declarar que foram vítimas de abusos e estupros, supostamente cometidos pelo paranormal, entre os quais, um relato de quem foi abusada na adolescência. A situação tomou tal proporção que o Ministério Público, que apura o caso, já conta com mais de 200 pessoas que querem depor contra João de Deus.

Eu não sei se João é culpado, a polícia e a justiça devem decidir isso, mas se ele for condenado, eu posso afirmar, com convicção, que nele operou-se o mesmo princípio que opera em Lúcifer: a “Síndrome de Deus”.

As Escrituras não negam a existência da paranormalidade, há casos, tanto no Velho Testamento quanto no Novo, onde encontramos a liberação de poder sobrenatural através de magos, místicos, feiticeiros e paranormais, os quais operaram coisas extraordinárias, inclusive curas.

Portanto, sim, é dom de Deus, uma vez que, conforme Tiago: “Toda dádiva e todo dom perfeito vem do alto, do Pai das Luzes...”. Tg. 1:7. Paulo, complementando esse conceito, nos informa que “Os dons de Deus são irrevogáveis”, conforme Romanos 11:29, ou seja, o dom está na pessoa, mas pode ser usado, tanto para o bem, quanto para o mal, tudo é uma questão de consciência.

Assim, João, se culpado, é uma vítima de sua própria soberba, de um egocentrismo despudorado, pois, sendo usado por Deus, achou que em si mesmo pudesse haver tal poder sobrenatural, como se ele fosse a fonte primária dessas realizações. Ainda que recitasse, conforme relatos, que nada daquilo era feito por ele, no fundo, seu coração já havia se corrompido, era apenas um mantra psicológico, mas sem qualquer reverberação para a vida.

A verdade é que homem algum suporta existir no lugar de Deus, a glória de Deus é veneno para nós, mortais, o poder de Deus, mal utilizado, desconstrói nossas estruturas psíquicas e nos leva ao surto diabólico que produz o desejo de ser como ele é. Aí o indivíduo não teme mais nada, nem ninguém, está acima do bem e do mal, pode realizar qualquer coisa, transformar pedra em pão e subir no pináculo do templo, ele cura, ele salva, ele liberta, pois ele é Deus!

O capítulo 28 do Livro do Profeta Ezequiel nos revela essa fenomenologia associada ao rei de Tiro. Na metade do texto, todavia, faz um paralelismo com o próprio Satanás, mostrando-nos que o princípio que operava em um, é o mesmo que operava no outro. O resultado final, inexoravelmente, é a destruição do ser, a corrupção da alma e a desapropriação do coração, homens, mesmo sem perceber, podem transformar-se em diabos.

João, se culpado, esqueceu-se que, para quem é de Deus, não basta apenas fazer o bem, tem de faze-lo da forma certa, movido pelo amor, mas sem esquecer-se de cerca-se, por todos os lados, pela ética, pela verdade e pela justiça.

Esperemos, todavia, a comprovação dos fatos, aqui não há um juízo temerário, apenas a revelação da fenomenologia que já foi constatada em situações semelhantes (só neste ano, Maury Rodrigues da Cruz e Sri Prem Baba).

Desta forma, se culpado, “João sem Deus”, mais do que nunca, precisará da misericórdia de Deus, pois, na medida em curou milhares, adoeceu e feriu a outros tantos. O perdão do Pai, certamente, não lhe faltará, mas o castigo e a justiça dos homens, todavia, não lhe serão negados


Carlos Moreira




07 dezembro 2018

A Supremacia Evangélica





Não se poderia esperar nada diferente depois de décadas de doutrinação baseada no positivismo de Augusto Conte – convertido a fé cristã – dos ensinos de Kenneth Hagin, Morris Cerullo e Benny Hinn, com a teologia da prosperidade, e da indústria de milagres e manifestações metafísicas de Macedo, Valdemiro, Agenor Duque, Estavan Hernandes e outras entidades do mundo religioso.

A nova ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, a pastora Damares Alves, chegou para causar, e vem com toda essa bagagem que eu citei acima, ainda que ela, praticamente, não sirva para quase absolutamente nada com o qual ela vai lidar, sobretudo num estado laico.

Admira-me o Presidente Bolsonaro, que disse que não lotearia cargos, ter feito essa gentileza apenas para acalmar a bancada evangélica, insatisfeita com as indicações do Todo Poderoso – o da Terra, não o do Céu.

Em 2016, em pregação na Igreja Batista da Lagoinha – aquela que tem aqueles aloprados do show business gospel – a nova ministra disse o seguinte: “... As instituições estão todas piradas... Não restou à nação senão a alternativa de confiar nas denominações evangélicas... Chegou a nossa hora. É o momento de a igreja ocupar a nação. É o momento de a igreja governar. Se a gente não ocupar esse espaço, Deus vai cobrar da gente." (sic).

A profecia se cumpriu, aleluia! Ou seria, misericórdia? Até o diabo treme com uma declaração dessas. Sim, ela tem tudo a ver com a religião, mas não tem nada a ver com Jesus, com o Evangelho ou com o Reino de Deus. Se restou a nação confiar nas denominações evangélicas, como ela afirma, já estou pulando do barco, sei como essa engrenagem gira, o Congresso vira creche de criancinha junto dessa moçada, que além de usar de esperteza, fisiologismo, tramoia, charlatanismo e estelionato, tem a divindade a seu favor, um Deus só pra si, capaz de realizar coisas imponderáveis para agradar “seu povo”.

Dá tristeza? Dá. Mas causa muito maior indignação a distorção fraudulenta da mensagem e do ensino de Jesus. O mesmo Jesus que disse a Pilatos que seu Reino não era desse mundo, o mesmo Jesus que disse aos Fariseus que seu Reino não tinha aparência, nem opulência, nem cargos, nem tronos, nem poderes transitórios, nem planos expansionistas, nem instâncias de poder, nem propósito de dominação.

Jamais, em momento algum, Jesus imaginou que sua igreja teria o desafio de dominar a Terra, de governar nações, de reger política e economicamente os povos. A igreja nada mais é do que o encontro singelo e despretensioso de gente que foi reinventada pela graça, alcançada pela misericórdia, pessoas do bem em torno da mesa da comunhão para celebrar o amor e o perdão. Ela não passa de um ajuntamento transitório, não físico, não geográfico, não hierárquico, não normatizável, não institucionalizado, um ente espiritual, um corpo imaterial ligado a Cabeça, que é o próprio Senhor, um espaço de fomento de consciência para a vida e de envio de anônimos da existência para suportar os desvalidos, os desterrados, os invisíveis, os pobres, os famintos, os discriminados, todos os que estão nas cenas do cotidiano dos dias.

Ah, ministra, quanto equívoco em suas palavras, quanta distância há nelas em relação as palavras do Galileu. Não, Deus não vai cobrar nada de ninguém, muito menos que sua igreja ocupe os espaços do poder público, pois toda a dívida foi paga, tudo está consumado e cravado na Cruz. Não, não é nosso papel, como discípulos de Jesus, tomar o poder temporal dos homens, pois todo poder, conforme Paulo aos Filipenses, já foi dado a Jesus, não estamos atrás de tronos humanos, mas de paz, alegria e justiça, pois destas coisas é feito o Reino de Deus.

Espero, de todo o coração, um bom reinado a ministra, que suas ações possam redundar em benefício da sociedade, e não de sua igrejola ou denominação, pois para este fim ela foi colocada no cargo.

Quanto a “supremacia evangélica”, ainda não vimos nada... A última vez que esse firme passou, na idade média, a bola da vez eram os Católicos Romanos, e houve um apagão geral, trevas sobre tudo e todos. Muito em breve, todavia, como tanto se sonhou, o “Brasil será do Senhor Jesus”, teremos um “crente” no poder, e aí você vai ver a democracia virar teocracia, e por incrível que pareça, vai sentir saudades de Color, Lula, Dilma e Temer...


Carlos Moreira

04 dezembro 2018

Pastor sou Gay, e Agora?

Em entrevista pública em 2015, o cantor e compositor inglês Helton John declarou: “Se ser gay fosse uma opção, dificilmente haveria homossexuais”. Eis aí um tema controverso, capaz de gerar as mais diversas polêmicas e despertar o mais primitivo de todos os ódios, não só no meio religioso, mas na sociedade como um todo. Na história humana, a homoafetividade – termo que melhor enquadra o tema – já foi admirada, condenada e, em alguns casos, tolerada. Quando admirada, respaldava-se na crença de que o indivíduo poderia se tornar melhor com seu usufruto, como no mundo da antiga Grécia e no Império Romano. Nos casos de condenação, é considerada prática pecaminosa pelas religiões de matiz abraâmica – Judaísmo, Islamismo e Cristianismo –, além de, na idade média, ter sido diagnosticada como transtorno de ordem mental, o que desembocava, não raro, no confinamento da pessoa num centro de tratamento médico-psiquiátrico. Na sociedade pós-moderna, existe um nítido avanço quanto a aceitação dessa temática social, sobretudo no ocidente, mas em diversas outras nações, com predominância do mundo oriental, ainda existe forte preconceito e trato violente com os homoafetivos. No Brasil, os números de registro de violência e assassinato contra pessoas homoafetivas – e suas variantes – é assustador. Em 2017, representando um aumento da ordem de 30% de anos anteriores, houve 445 assassinatos ligados a questão da homofobia, um a cada 19 horas. Diante de um cenário tão complexo, o tema mantém-se como um dos mais polêmicos, produzindo, desta forma, no espectro religioso, questões tais como: é pecado ser homoafetivo? Uma pessoa homoafetiva pode ser salva? É possível a um homoafetivo realizar atividades na igreja? Homoafetividade é desvio moral, patologia social, inclinação psicológica ou natureza genética? Assista a mensagem e tire suas conclusões!


 

26 novembro 2018

Rebeldes com Causa

“Se você ainda não achou uma causa pela qual valha a pena morrer, você ainda não achou razão de viver”. Martin Luther king. O Anarquismo é uma ideologia filosófica que se opõe a todo tipo de hierarquização ou dominação, seja ela política, religiosa, econômica, social ou cultural. O fim último do Anarquismo é a constituição de uma sociedade libertária baseada na cooperação e na ajuda mútua entre os indivíduos. As ideias anarquistas tiveram forte influência do filósofo francês do século XIX Pierre-Joseph Proudhon, que foi considerado por Kark Marx como sendo um “socialista utópico”. Mas o maior “anarquista” de todos os tempos viveu na Galiléia, debaixo do sol escaldante da Palestina. Seu nome era Jesus, de Nazaré, e seus seguidores foram os promotores da mais revolucionária proposta de transformação da sociedade humana da qual se tem notícia: o Reino de Deus. A mensagem do Reino – o Evangelho – é não só uma carta de alforria para os homens, libertando-os de seus preconceitos e condicionamentos, mas também uma proposição viável de ressignificação da existência, uma vez que altera, profundamente, a matriz cognitiva do indivíduo com seu conjunto de valores e princípios, salvando-o, antes de qualquer coisa, de si mesmo. Em tempos de polarizações filosófico-ideológicas, de ceticismo religioso, de desumanização social e descrédito político, há ainda uma causa pela qual se valha a pena lutar, uma causa que é capaz de reconstruir o homem, de dentro para fora, dando-lhe propósito para a vida e significados para existir. Assista a mensagem e compartilhe com aqueles a quem você ama!


 

19 novembro 2018

Inferno é a Sentença de Vivermos com Nossas Piores Memórias

O Alzheimer é uma doença degenerativa que destrói, entre outras funções mentais importantes, a memória. No seu estágio final, o indivíduo não tem mais noção de si nem dos outros, sequer, do mundo a sua volta, é um apagão completo em termos de consciência, não há recordações, nem esperanças, não há alegrias, ou tristezas, não existem sentimentos ou afeições, nada, nem amor, nem ódio, tudo se restringe em torno do total esquecimento. No Velho Testamento, acreditava-se que era nessas condições que a pessoa morta “existia”, numa dormência absoluta, o conceito de inferno, conforme vemos no Novo Testamento, ainda não havia sido incorporado as doutrinas da religião de Israel. Contudo, nos dias de Jesus, a crença no inferno grego – Hades – já estava amplamente difundida e incorporada a cosmovisão daquele mundo, o próprio Jesus se utilizou de tais percepções quando alegorizou essa temática discursiva com os Fariseus na parábola do “Rico e Lázaro”. O “inferno cristão”, por outro lado, tem sua base no “inferno grego”, mas ganhou nova roupagem a partir das teologias medievais, riquíssimas em símbolos apocalípticos e que buscavam, cirurgicamente, produzir medo e horror. Dante Alighieri, no século XIV, transformou essas inquietações presentes no inconsciente coletivo em uma peça teatral – A Divina Comédia – onde surgem, por exemplo, imagens do lago de lama, do cemitério de fogo, das cachoeiras de sangue borbulhando, a floresta dos suicidas, os fossos de fezes e esterco, demônios açoitando pessoas, dentre outras figuras bizarras. É sobre essa base que o ocidente cristão vai construir, debaixo da batuta da “igreja”, o conceito moderno de inferno. Eu, todavia, penso que inferno é algo totalmente diferente, a começar pelo fato de que, inferno, não é um lugar, é um sentir, é um existir numa dimensão onde eternidade não é uma medida de tempo, mas uma condição existencial, e nesse inferno, o mal maior é sermos sentenciados a viver com as nossas memórias. Sim, inferno é a impossibilidade do esquecimento, é o convívio inesgotável com o que fomos e com o que fizemos, o inferno inteiro caberia no “Deus meu, Deus meu, porque me desamparasse!”. Uma mensagem que vai mexer com suas crenças e certezas.


 

16 novembro 2018

Jesus, Cristão, ou Jesus, o Cristo?




O Jesus que a igreja nos ensinou é o líder da maior religião do planeta, o cristianismo. O Jesus da igreja se converteu, tornou-se cristão, abraçou suas doutrinas, seus catecismos, suas confissões, seus ritos, suas representações históricas, seus costumes e suas tradições.

É incrível, mas o que o judaísmo não conseguiu – que foi converter Jesus num praticante de uma religião morta – o cristianismo julga ter alcançado. O Jesus cristão é membro de igreja, adepto de denominações, seguidor de teologias, é um deus domesticado, encaixotado, industrializado, abestado, que fala língua estranha, bebe suco de uva na ceia, dá dízimo e ouve música gospel.

Eu tenho gasto minha vida tentando destruir essa imagem de Jesus para que as pessoas encontrem a um outro Jesus, antes dele ter se convertido ao cristianismo, antes da igreja o ter transfigurado nesse ser caricato preso a uma ideologia! O que eu tenho tentado mostrar é como era Jesus antes de ser reinventado pelas artimanhas da igreja, desnudar o que ele pensava, o que falava, o que ensinava, como vivia, no que cria!

Mas talvez você me diga: eu já sei de tudo isso, eu já li um livro a esse respeito, já li a bíblia, o pastor me ensinou, a EBD me catequisou, o congresso do “big shot” da vez me instrumentalizou, o seminário teológico me informou. Mas eu não estou falando disso, eu não estou falando do que lhe ensinaram, eu estou falando do que nem carne, nem sangue podem ensinar, porque só pode ser discernido por revelação do Espírito Santo, aquela verdade que testifica em nosso espírito que ele é quem ele diz ser.

O Jesus que lhe apresentaram, acredite, é um vestígio tosco do original, porque o Jesus das Escrituras começou a desaparecer no início do século II, na era dos pais apostólicos. Em seguida, ele foi sendo sufocado pelos apologistas e polemistas dos séculos II e III e na, sequência, foi soterrado pelos pós-nicenos, do século IV.

Assim, alvejado duramente, continuou se esvaindo em meio a uma fé simbiotizada com a filosofia grega neo-platônica e com a lógica do aristotelismo. Mas foi com a criação do cristianismo constantiniano que ele sofreu o seu mais duro golpe, institucionalizou-se, virou o proprietário de uma organização.

Daí para frente, quase morto, Jesus arrastou-se pela história. Na idade média, em meio a uma igreja prostituída e desnorteada, foi conivente com matanças e latifúndios feudais, com indulgências e simonias, com torturas e escravizações. No século XVI, todavia, já na idade moderna, quando estava desvalido, tentaram ressuscita-lo, com a Reforma Protestante, mas não deu certo... era só uma dieta eclesial. Na verdade, ele continuou sendo diluído, aos poucos, homeopaticamente, e quando chegou o iluminismo, já era quase um apagão.

No século XVIII, em meio à revolução industrial, ele foi posto de lado, o homem tornou-se a medida de todas as coisas. Depois Nietzsche tentou mata-lo, mas ele, surpreendentemente, sobreviveu, acabou ganhando novo ânimo no avivamento da Rua Azuza, no início do século XIX.

Maltrapilho, com os pés sujos, foi se arrastando, lentamente, e cambaleou no século XX, alvejado pelo multiculturalismo e pelo existencialismo de Sartre. Hoje, em nosso tempo, ele é essa coisa que os neopentecostais creem, esse híbrido de divindade e homem de negócio, esse esboço de deus, essa carranca pseudo-espiritual.

Jesus, o da Escritura, sempre andou ao largo de tudo isso, em movimentos marginais, entre desvalidos, excluídos, entre os sem "pedigree", mas sempre a "Porta da Igreja", batendo, esperando que alguém abra a Catedral para ele entrar.

Ora, diante de tudo isso, e com profundo respeito, eu só tenho uma questão para você: o seu Jesus é cristão, ou ele é o Cristo de Deus? 


Carlos Moreira


13 novembro 2018

Como era Jesus Antes de ser Cristão?

Já lhe ocorreu este tipo de questão: como era Jesus antes dele ser transformado no líder de uma das maiores religiões do mundo? Como sabemos, o Islamismo tem seu líder, Maomé, o Judaísmo tem Moisés, o Espiritismo, Allan Kardec, o Budismo, Sidarta Gautama e o Cristianismo tem Jesus. Mas será que o Jesus do Cristianismo é o mesmo Jesus das Escrituras? Você tem certeza de que aprendeu, corretamente, os ensinamentos de Jesus, ou será que as doutrinas da “igreja” construíram em sua mente um Cristo que cabe, sob medida, dentro de seus propósitos, mas que, tragicamente, não encaixa na figura do Galileu de Nazaré? Tenho tido, como pregador e mestre do Evangelho, a experiência de libertar milhares de pessoas de prisões dogmáticas, de caixinhas teológicas, de mimetismos doutrinários, todos cuidadosamente arquitetados para enganar incautos mas que, no fundo, não passam de enganos históricos grosseiros à cerca do que Jesus fez e ensinou. Quem foi que te disse que as coisas foram, de fato, da forma como você crê? O quanto você conhece do texto sagrado para firmar suas confissões de fé? Você frequentou a EBD? Fez curso de Férias na igreja? Intervalo bíblico, na faculdade? Quem sabe, foi para retiros, congressos, programas, mas, e se o que te disseram por lá estiver equivocado? Ah, agora, sim, você fez seminário teológico! E daí? A maior parte destas escolas de "profetas mortos" nada sabe de Jesus a não ser um compêndio de informações academicistas que não passam de letra morta, nem produzem pacificação, nem, muito menos, salvação, transformam Jesus num ser plasticamente divinizado que, sequer, pisa com os pés no chão. Quer saber mais? Assista a mensagem!


 

22 outubro 2018

Não Vivemos sem Política, mas Podemos Morrer por Causa de Políticos

Essa, indiscutivelmente, foi a Campanha Eleitoral mas suja que já participei. Como eleitor, senti-me seviciado, estuprado e chantageado. A impressão que tenho, depois de ter votado em 10 eleições para Presidente da República, é que estou vivendo numa “Terra sem Lei”, e nessa “festa”, parafraseando as Frenéticas, vale tudo, vale notícia falsa, meias verdades, vale vídeo distorcido do contexto, fala de áudio atribuída a quem nunca falou nada, vale depoimento exagerado, declaração requentada, vale o uso da máquina, vale seletividade da mídia, manipulação da igreja, intimidação, amedrontamento, vale exagerar, diminuir, vale mentir, vale mesmo qualquer coisa. Em poucos dias, contudo, tudo estará liquidado. Se a votação se encerrar no primeiro turno, o “Game is Over” se dará no dia 07 de outubro. Se formos para o segundo turno, num “Show Must Go On”, teremos a definição no dia 28 do mesmo mês. Ao final, um candidato ganhará o pleito, mas o Brasil inteiro já perdeu. Sim, independente de quem seja a vitória, o País perdeu pela falta de ética, pela falta de honradez, pela falta da verdade. Perdemos porque sairemos das urnas divididos, polarizados, enraivecidos, e esse, talvez, seja o maior desafio do novo Presidente, pacificar um povo que sofre há 5 séculos nas mãos de políticos corruptos e de suas políticas perversas. Tristemente, vejo os escombros produzidos pelas eleições, pois não foram poucas as amizades desfeitas, os estremecimentos familiares, vimos pai contra filho, irmão contra irmão, vizinho contra vizinho. Nesse deserto de insensatez, procuro diligentemente ouvir a Palavra do Senhor, “Lâmpada para o meus pés e luz para os meus caminhos”. Já vivi o bastante para saber que não se pode confiar “Nem em príncipes, nem filhos de homem, em quem não há salvação”. Nesta existência que me foi concedida, já sofri o suficiente para saber que o “Meu socorro vem do Senhor”, não de propostas oportunistas em tempos de eleição. Assista a mensagem e faça sua escolha!


 

14 outubro 2018

A Malandragem Já Era





No início do século XX, no ano de 1900, a malandragem botava suas unhas de fora na figura do cantor e compositor Moreira da Silva.

Depois disto, já nos anos de 1940, a malandragem imperava livremente no bairro da Lapa, no Rio, onde Madame Satã dava as ordens e contra-ordens, segundo o jornalista e produtor musical Nelson Motta.

Na sequência, aprendemos sobre a “Lei do Gérson”, que versava: “Gosto de tirar vantagem em tudo”. O slogan de um comercial de cigarro na década de 1970, por ironia, acabou se tornando uma espécie de “lema dos brasileiros”.

Na década seguinte, nos anos de 1980, o insuperável Chico Anysio criou uma personificação da “Lei do Gérson” na pele do Azambuja, um trambiqueiro carioca que vivia passando a perna em todo mundo com pequenos golpes e espertezas.

Passou-se outra década e, em 1994, vimos Cássia Eller brilhar cantando “Eu só peço a Deus um pouco de malandragem”, canção composta por Frejat e Cazuza que Ângela Ro Ro dispensou.

Nos anos 2000, quem melhor introjetou esse “estilo malandro de ser” foi o Zeca Pagodinho, com canções maravilhosas que ficam ainda melhor com linguiça e uma cerveja gelada.

Mas a malandragem do brasileiro ganhou corpo, tornou-se “de maior”, espalhou-se pela nação, deixou de ser apenas verso em canções ou mote em peça de teatro, incorporou-se ao nosso estilo de vida, faz parte da nossa cultura, está presente na maneira como fazemos negócio, no trato com as pessoas, na forma de fazer política e até mesmo nas manifestações religiosas, pois não há malandragem maior do que vender perdão para pecador.

Mas eu tenho uma boa notícia: a malandragem está com seus dias contados. Sim, ela não vai desaparecer da noite pro dia, talvez ainda leve algumas décadas para sumir, mas a sociedade está percebendo que ser malandro é um grande atraso, não só para os indivíduos, mas, sobretudo, para o País.

Cada vez mais, ouço pessoas falarem sobre ética, sobre negócios sustentáveis, sobre responsabilidade social, sobre comprometimento ambiental. No mundo moderno, usar de malandragem é um desatino, empresas estão em busca de funcionários honestos, eleitores almejam por políticos honestos, homens e mulheres desejam estabelecer relações afetivas honestas, ninguém suporta mais a dita malandragem.

O Brasil está mudando, talvez não na velocidade que desejaríamos, mas alegra-me perceber que poderosos estão indo para a cadeia, de empresários a doleiros, de políticos a banqueiros, a justiça não é mais apenas para o negro e o pobre, tem gente de todo calibre na cadeia. Já nos tornamos um modelo? Ainda não. Mas eu creio que estamos num bom caminho.

Acredite, de agora em diante, malandragem mesmo é ser honesto, malandro que se preza – que seja inteligente e arguto – vai agir com integridade e se pautar na honradez, viver de esperteza se tornou démodé... 

Carlos Moreira



05 outubro 2018

A VIDA É FEITA DE ESCOLHAS. FAÇA A SUA!



Jesus chorou, olhando para Jerusalém, pelo fato do povo não ter reconhecido a oportunidade da visitação de Deus. Sim, eles rejeitaram um Reino de bondade e justiça e escolheram ficar debaixo do jugo Romano, que viria a destruir a Cidade Santa, através do general Tito, no ano 70 depois de Cristo. 


Mas toda tragédia tem sua própria anatomia, ela vai sendo construída pacientemente. No caso dos Judeus daqueles dias, duas escolhas foram decisivas para que a ruína começasse a ser tecida, o que durou, aproximadamente, 40 anos. 

A primeira escolha desastrosa foi a escolha de Caifás como sumo-sacerdote, uma jogada que envolveu a indicação política dos Romanos em conluio com o comando religioso do Sinédrio. 

Caifás era genro de Anás, que ocupava o cargo ante de sua posse, portanto, aquele era um “negócio de família”, uma vez que diversos interesses econômicos e políticos estavam em jogo na sensível relação dos Judeus com o Império. 

Ora, Lucas afirma, no capítulo 3 verso 2, que o ministério de João Batista, filho do Sacerdote Zacarias, da Tribo de Arão, começou na mesma época do sacerdócio de Caifás. João, como sabemos, prepara o “Caminho do Senhor”, e segundo Jesus, entre os nascidos de mulher, ninguém era igual a João. Ele, portanto, era a escolha certa, tinha a hereditariedade, tinha o chamado do Espírito Santo, tinha as qualificações para exercer um ministério profético, mas foi rejeitado pela elite religiosa e pela demagogia política. 

A segunda escolha desastrosa, que dispara o mecanismo que vai levar o povo a ruína, foi a escolha entre Jesus e Barrabás. 

No pátio do Palácio de Pilatos, os Judeus daquela geração não escolheram apenas soltar um preso político e agitador, para livrá-lo da sentença de morte, eles escolheram entre o Reino de Deus e o Reino de Roma, escolheram entre a salvação e a danação, escolheram entre a vida e a morte. 

Manipulados pelas autoridades judaicas, que já estavam articuladas com a autoridade do governador da Palestina, o povo escolheu seu próprio destino ao afirmar: “Crucifica-o!”, em relação a Jesus. 

Fosse isso pouco, ainda disseram, em tom arrogante: “Caia sobre nós e sobre os nossos filhos o seu sangue”. 40 anos depois, o grande General Romano entrou em Jerusalém, destruiu a cidade e o templo, profanando o lugar sagrado e fazendo ali sacrifícios pagãos, mantando centena de milhares de pessoas. 

A vida é feita de escolhas. Por vezes, lemos os textos, mas somos incapazes de articular o mosaico mais amplo da história. Na verdade, religião e política são duas potestades que sempre andam juntas, por isso, no livro do Apocalipse, elas são representadas por duas bestas. 

Quem puder discernir o que digo, que discirna... 

Neste domingo, o Brasil está diante de uma escolha que poderá mudar os rumos da nação para sempre. Espero, em Deus, que você faça a escolha correta e que aquele que for subir a rampa do Palácio esteja, realmente, pronto para governar e tomar as medidas que o nosso convalido País necessita. 

Que o Senhor nos livre, portanto, de escolhermos errado e de vermos o sangue de inocentes caindo como cachoeiras em nossas cabeças. Oro para que sua decisão seja conforme o Espírito que vemos em Jesus e a consciência que há no Evangelho. Deus os abençoe!




Carlos Moreira


01 outubro 2018

Solidão de Casa Cheia: a Compartimentação da Família Contemporânea

“Quem são essas pessoas que moram nessa casa?”. Como pastor, lidando com dramas familiares há muitos anos, tenho estado assustado com o agravamento das crises que sucedem dentro dos lares na sociedade contemporânea. A pergunta que encabeça essa sinopse não foi feita por um vizinho desatento, nem pelo zelador do prédio, ou muito menos é a indagação do entregador de pizza, ela foi feita por uma mãe que abriu comigo o seu coração referindo-se aos moradores da sua própria casa. Na verdade, aquela mulher sabia que havia gente morando naqueles cômodos, ela até via essas pessoas em alguns dias da semana, eventualmente, eles se esbarravam pelos corredores, mas ela me confessou que não tinha a menor ideia de quem elas eram, ou o que acontecia em suas vidas, para além do privado promovido pelo isolamento compulsório que a dinâmica da vida cotidiana nos impôs. Aumento da carga de trabalho, perda de tempo com um trânsito caótico, virtualização das relações nas redes sociais, esfriamento da afetividade, terceirização de responsabilidades, são muitas as causas que compõem a fenomenologia da fragmentação familiar e da deterioração das relações parentais em nossas casas. Tragicamente, o resultado último deste processo têm sido separações cada vez mais céleres, distúrbios de personalidade, escolhas desastrosas na vida, patologias clínicas como transtorno de ansiedade, pânico e depressão, envolvimento com drogas, vício alcoólico, violência doméstica, sexual e até suicídio. Diante desta breve exposição, é mister questionar: como está a sua casa? Que dramas você tem enfrentado com seu cônjuge? Como andam seus filhos? Você sabe o que eles fazem, do que gostam, com quem andam? Existe em você a consciência da responsabilidade dada por Deus no que diz respeito ao seu trato com os diversos atores familiares? Assista a mensagem e encontre as respostas!


 

09 setembro 2018

Aborto Espiritual: os que Morrem por não Serem Gerados no Evangelho

Em tempos de discussão sobre aborto, quero tratar de um tema muito comum dentro de igrejas: o “aborto espiritual”. Sim, trata-se do fenômeno do indivíduo que se “converte” ao Evangelho, mas que não se desenvolve proporcionalmente ao tempo decorrido, pois não recebeu na sua “gestação” os nutrientes necessários à formação de sua consciência e também não desfrutou de um ambiente adequado para os “fetos na fé” crescerem com saúde. Com tristeza tenho observado o número assustador de “abortos espirituais” dentro das igrejas, gente com patologias das mais distintas, usando a alegoria, falta de membros importantes no corpo, dificuldades na cognição, alguns, pelos danos sofridos, tornaram-se totalmente acéfalos, e outros foram paridos com deformidades na visão e na audição. A igreja, da perspectiva destas pessoas, deveria funcionar como uma incubadora intensiva, provendo todo tipo de cuidado necessário para que o “feto abortado” pudesse ter a possibilidade de salvar-se e crescer como qualquer outro. Desgraçadamente, todavia, é na igreja onde mais se matam “fetos-espirituais”, uma vez que lhe são negados os cuidados mínimos devidos, como alimentação correta, pastoreio verdadeiro, discipulado contínuo e ambiente saudável, com gente que tenha uma espiritualidade normal, coisa cada vez mais escassa nesses dias. Há igrejas, inclusive, que se especializaram como verdadeiras clínicas abortivas, são de um poder de destruição incomparável, usam de todos os meios disponíveis para matar aqueles que ainda poderiam ser curados para a prática da fé e o bem da vida. Assim, cabe perguntar: o que fazer para evitar o crescimento do fenômeno? Quais as características presentes na vida de alguém que se tornou um “aborto espiritual”? Quais as chances de um “feto mal-formado” espiritualmente sobreviver na selva da religião? Será que você foi abortado e não sabe? Assista e encontre as repostas!


 

05 setembro 2018

Você não Precisa Destruir as Pessoas porque o Casamento foi Destruído




Há mais de 20 anos aconselho casais. Acho que adquiri certa autoridade pelo fato de estar casado há 27 anos e com 34 de relacionamento, somando o namoro e noivado. 

Ajudando cônjuges em seus conflitos e dores, aprendi muito sobre conjugalidade, sobre o encontro e o caminhar de duas pessoas no chão dos dias. Dentre os diversos mitos que ajudei a derrubar nas crises matrimoniais, certamente um dos maiores foi o que postula que “A separação destrói os filhos”. Isso é falso. 

Com sinceridade, esse tipo de afirmação não passa de um jargão religioso de quem, na maioria das vezes, quer por remendo novo em vestido velho. Sim, para o “crente”, é melhor viver no inferno relacional do que pacificado e separado, é melhor manter as juras feitas no “altar”, do que andar em verdade com o que se passa nos cômodos do ser e coerente com o que se carrega na consciência. Mas esse já é outro tema... 

Fato é que uma separação, não obstante ser uma “amputação”, ou seja, as marcas ficarão para sempre, não necessariamente tem de ser uma tragédia. Eu não advogo separações, salvo quando percebo que elas já se consumaram na vida, falta só a coragem dos pares de concretizar no cotidiano o que já se estabeleceu desde há muito na alma e no coração. 

Há relacionamentos que se tornaram tão adoecidos e dessignificados que viver junto é ofensivo, septicemia afetiva não tem cura, é melhor separar e tentar salvar a vida, Deus tem segundas chances para nós. 

O que destrói uma família não é a separação, cônjuges equilibrados, que tratem o tema com respeito e coerência, podem ser bem sucedidos nisso, dentro do possível. O casal se separa na vida, mas continua sendo pai e mãe dos filhos, portanto, de certa forma, parte da história continua, e isso precisa ser levado em consideração, porque é normalmente aí que os estragos são feitos. 

Filhos suportam separações, ainda que com certo grau de sofrimento. Uns sofrem mais, outros menos, mas ninguém se joga do prédio por conta disso. O que destrói as pessoas dentro de uma casa são acusações maldosas, são disputas financeiras, são picuinhas com a partilha dos bens, movimentos antecipados calculadamente para produzir prejuízo contra o outro. 

Não tenha dúvidas, há muita maldade represada que vem à tona num processo de separação. O marido começa a denegrir a mulher, a mulher joga o marido contra os filhos, os filhos tomam partido de quem se faz mais de vítima. De fato, em alguns casos, é mesmo uma tragédia grega, e tem muita artistagem nesta hora, pois há máscaras que não saem mais do rosto... 

Não fosse tudo isso bastante, ainda se pode adicionar xingamentos despropositados, chantagens emocionais, tentando tornar o outro refém de seus erros, insultos a familiares que estão fora do contexto do lar, violência emocional, violência física, blefe, mentiras, se alguém não sabe do que o inferno é feito basta se separar, nesta perspectiva do que estou pontuando, que vai conhece-lo na intimidade. 

Não sei se você sabe, mas separações podem ser tão dolorosas que são comparadas a traumas de guerra. Eu estou certo quando afirmo que gente com bom coração, com bom senso e boa vontade, pode, sim, se separar, mas sem destruir o ecossistema familiar inteiro, tocando fogo no mar para comer peixe frito. 

Gente madura, séria, honesta, vai tratar a separação como um mal necessário, vai administrar os impactos sobre os filhos, vai tentar deixar o outro numa condição que lhe dê o necessário de dignidade, vai repartir bens e dinheiro de forma generosa e justa, vai preservar, para os filhos e a família, a imagem do pai, ou da mãe, que jamais poderá ser desfeita, pois não há benefício em se destruir esta representação na mente e no coração dos outros. 

Eu já vi muitos divórcios acontecerem, vi os trágicos e os “bem” sucedidos, e digo que é possível fazer as coisas com o peso certo e a medida correta, mas nem todos estão aptos a experienciar esta realidade. Viver casado, acredite, é muito bom, mas quando não é bom, viver separado, é muito melhor... 



Carlos Moreira



29 agosto 2018

O Triunfo do Brasil será o seu Fracasso





O povo brasileiro está doente e a culpa, em boa parte, não é sua. Sim, esta patologia que nos aflige é fruto de séculos de descaso com a coisa pública, do escárnio com a vida daqueles que não possuem representatividade, pois são invisíveis sociais, e também é resultado de uma ignorância endêmica mantida programaticamente por um sistema perverso que visa produzir alienados em série.

É fato, pois a história nos revela, que grandes nações do mundo viveram este mesmo “estado das coisas”, ainda que há séculos atrás, é bem verdade, mas nós temos o atenuante de sermos um País relativamente novo, com apenas 500 anos, ainda temos muita “merda” a fazer...

Pois bem, eu estou convencido que o Brasil precisa do Jair Bolsonaro, ainda que eu jamais possa conceber em votar nele. Bolsonaro, não à toa, representa um mito que foi pacientemente construído no imaginário nacional, ele não é real, é uma “carranca”, assumiu uma personalidade fruto do inconsciente coletivo, não passa de uma projeção da indignação e do descaso do povo contra a política, assumiu ares messiânicos, é reverenciado como um ser acima do bem e do mal, pois dele se espera a solução para os nossos problemas.

O Brasil precisa de Bolsonaro porque só será possível experimentarmos um novo tempo quando esta “era” terminar, quando estivermos, irreversivelmente, mergulhados no caos, quando os mitos morrerem, quando o desencanto nos for jogado na cara sem mais alternativas para desculpas ou escapismos.

Os Gregos, de quem o ocidente é filho, só deu seu salto civilizatório quando os mitos morreram abrindo espaço para o surgimento do pensamento filosófico, inquieto por natureza, questionador em sua essência, escrutinador da verdade. Foi olhando para a realidade e para os fenômenos tangíveis que eles avançaram como sociedade, o “caos” produziu a centelha de lucidez necessária às mudanças, deuses, bestas e feras ficaram para trás, não passavam de representações da infância da consciência e do saber.

Na mesma perspectiva, outro evento que mudou drasticamente o ocidente foi a Queda da Bastilha na França do século XVIII. Ali encontrava-se uma sociedade corrompida, onde os ricos e aristocratas refestelavam-se na opulência e o povo morria de fome as portas do Palácio de Versalhes. Foi o “caos” que produziu o “Haja Luz” da França, a decadência econômica foi o combustível que alimentou o motor de propulsão para fazer explodir a revolta popular que levou para a guilhotina o rei Luiz XVI e sua esposa Maria Antonieta e pavimentou o caminho para que o País se tornasse a potência que é hoje.

Um pouco antes, no século XVI, outro acontecimento de importância ímpar para o ocidente teve suas origens no “caos”. Falo da Reforma Protestante, do século XVI, que quebrou, na idade média, o ciclo de séculos de escuridão e obscurantismo de uma igreja decadente e corrupta. As Teses de Lutero, restritas a esfera religiosa, tiveram desdobramentos intangíveis na economia e na política, como bem escreve Weber no clássico “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”. Mas assim como todos os outros, este foi um evento tecido pacientemente pelo tempo, como uma teia de aranha, até que todas as condições para a insurreição estivessem devidamente alinhadas.

O trabalho do historiador é preservar a memória dos fatos e o dos filósofos questionar seus fundamentos. Assim, do ponto de vista da fenomenologia do que sucede no Brasil, estamos avançando no trilho que nos levará ao caos, o que me faz alimentar uma esperança de que, em algumas décadas, talvez, vejamos um novo Brasil surgir das cinzas.

Desta perspectiva, penso, Bolsonaro é a melhor alternativa, não porque seja o mais preparado, o mais experiente ou o menos corrupto, mas porque representa a melhor alternativa para chegarmos rapidamente ao fim da linha.

Portanto, não adianta você argumentar, mostrar números, falas, pensamentos, questionar a falta de competência, a falta de habilidade, de capacidade de gestão, nada fará os eleitores de Bolsonaro desistirem dele, pois “mitos” só morrem quando expostos a luz da realidade do cotidiano humano.

No fundo, Bolsonaro não passa de uma antítese da Dilma, que fez a primeira parte da lição para quebrar o Brasil. Ela é mulher, ele homem, ela é descasada, ele é o baluarte da família, ela é “comunista”, ele é de extrema direita, ela é subversiva, ele é militar, ela é “gestora”, ele aprovou em 17 anos meia dúzia de projetos na Câmara, ela é agnóstica, ele é cristão. Dilma, para mim, foi a tese; Bolsonaro, caso eleito, pode vir a ser a antítese. A síntese, todavia, e para minha esperança, será acordarmos, definitivamente, deste “berço esplêndido” no qual somos ninados deste o descobrimento do País.

Outubro está aí, falta só mais um pouco, quem viver, verá...


CM – Carlos Moreira



** Este pequeno post não tem o objetivo de ofender eleitores de Bolsonaro ou de Dilma, muito menos tem a pretensão de demove-los de seu voto. Da minha parte, estou apenas analisando, ainda que muito superficialmente, o atual fenômeno social e político do Brasil. Portanto, não tenha raiva de mim, nem me atire pedras – kkkk – eu não pretendo, em absoluto, ser o dono da verdade e da razão.

28 agosto 2018

Podres Poderes: como agem os Feiticeiros do Sagrado - Parte - 2

Desde sempre, as dimensões do sagrado e do sobrenatural habitam o inconsciente coletivo da humanidade. De fato, nos sentimos atraídos por aquilo que não explicamos, pelo transcendente, pela metafísica e pela fenomenologia das aparições e interações de entes espirituais com homens de carne e osso. Cícero, o famoso orador romano, afirma com propriedade: “Não há povo tão bárbaro, tão primitivo, que não admita a existência de Deus ou um deus ou vários deuses, ainda que se engane sobre sua natureza”. Sim, desde o Egito antigo, passando pela saga dos Hebreus na palestina, analisando o decurso da história de Babilônicos, Persas e Gregos, não há como negar a influência das divindades na modelagem de culturas e nações. Mas onde há religião, há também intermediação, pois a premissa inamovível de toda religião é patrocinar reconexões, intermediar o encontro entre o eterno e o passageiro, entre o absoluto e o relativo. Assim, laçam-se nesta tarefa sacerdotes, profetas, magos, feiticeiros, sensitivos, médiuns, paranormais, místicos, todos cônscios do papel de falar e agir em nome de uma determinada entidade ou deus. E no exercício deste chamado, há homens bons e maus, há gente séria e apóstatas, há os puros de coração e os possuídos de malícia. No Brasil, sobretudo nos últimos 20 anos, assistimos aterrorizados o crescente aumento de gente totalmente desqualificada para lidar com as coisas de Deus. Vemos, com imensa tristeza, pastores, padres, bispos, evangelistas e pseudo-apóstolos se extraviarem de maneira irrecuperável. Os problemas são incontáveis: alquimia da mensagem, manipulação, chantagem, charlatanismo, demonização da vida, extorsão financeira, estupro espiritual, esmagamento emocional, bruxaria, sincretismo, estelionato, a lista é infindável, assim como também são infindáveis as vítimas. Nestes meus 35 anos de caminhada, o que mais tenho encontrado é gente aviltada, iludida, machucada, joguetes nas mãos de lobos vorazes, pessoas simples e ingênuas sendo devoradas por abutres argutos, indivíduos cheios de ambição e maldade. Assista e aprenda a discernir!


 

23 agosto 2018

Podres Poderes: como agem os Feiticeiros do Sagrado - Parte-1

Desde sempre, as dimensões do sagrado e do sobrenatural habitam o inconsciente coletivo da humanidade. De fato, nos sentimos atraídos por aquilo que não explicamos, pelo transcendente, pela metafísica e pela fenomenologia das aparições e interações de entes espirituais com homens de carne e osso. Cícero, o famoso orador romano, afirma com propriedade: “Não há povo tão bárbaro, tão primitivo, que não admita a existência de Deus ou um deus ou vários deuses, ainda que se engane sobre sua natureza”. Sim, desde o Egito antigo, passando pela saga dos Hebreus na palestina, analisando o decurso da história de Babilônicos, Persas e Gregos, não há como negar a influência das divindades na modelagem de culturas e nações. Mas onde há religião, há também intermediação, pois a premissa inamovível de toda religião é patrocinar reconexões, intermediar o encontro entre o eterno e o passageiro, entre o absoluto e o relativo. Assim, laçam-se nesta tarefa sacerdotes, profetas, magos, feiticeiros, sensitivos, médiuns, paranormais, místicos, todos cônscios do papel de falar e agir em nome de uma determinada entidade ou deus. E no exercício deste chamado, há homens bons e maus, há gente séria e apóstatas, há os puros de coração e os possuídos de malícia. No Brasil, sobretudo nos últimos 20 anos, assistimos aterrorizados o crescente aumento de gente totalmente desqualificada para lidar com as coisas de Deus. Vemos, com imensa tristeza, pastores, padres, bispos, evangelistas e pseudo-apóstolos se extraviarem de maneira irrecuperável. Os problemas são incontáveis: alquimia da mensagem, manipulação, chantagem, charlatanismo, demonização da vida, extorsão financeira, estupro espiritual, esmagamento emocional, bruxaria, sincretismo, estelionato, a lista é infindável, assim como também são infindáveis as vítimas. Nestes meus 35 anos de caminhada, o que mais tenho encontrado é gente aviltada, iludida, machucada, joguetes nas mãos de lobos vorazes, pessoas simples e ingênuas sendo devoradas por abutres argutos, indivíduos cheios de ambição e maldade.

 

18 agosto 2018

Afinal, o que Desejava Jesus?




A LITURGIA de Jesus era o Caminho de cada manhã e os SACRAMENTOS todo encontro humano travado no chão dos dias. Em Jesus, CULTO é celebração da vida, em todo canto possível, a qualquer hora, e ADORAÇÃO a Deus é, antes de tudo, reverência solidária para com o próximo. 

O TEMPLO de Jesus foram os descampados da Galiléia e a PREGAÇÃO a encarnação da Palavra que só existia em forma de texto. Os OFICIAIS de Jesus eram homens simples, que sabiam que entre eles não havia hierarquias ou distinções, o maior lavava os pés de todos, não se chamavam por títulos, eram apenas amigos e irmãos. 

MISSÃO para Jesus era carregar a boa nova nas trilhas do cotidiano, e assim, indo pelas esquinas da vida, fazer o bem e buscar a justiça. DÍZIMO para Jesus era a oferta dadivosa espontânea, dada por aqueles que se sentiam abençoados para ajudar na implantação do Reino, sem apelos, sem constrangimentos, se manipulações. 

Portanto, IGREJA, para Jesus, tem a ver com estas perspectivas, foi isso que ele disse a Pedro que edificaria. Depois disso veio a necessidade de aditar a mensagem o método grego-aristotélico, para produzir a apologética do século II, em seguida a disposição organizacional de bispados com suas geografias mandatárias, e no século IV a invenção do cristianismo como ideologia político-religiosa para promover o novo desenho arquitetônico do poder de Constantino sob o Império Romano. 

Daí vieram catedrais e cátedras, projetos expansionistas e poder terreno, posse de latifúndios territoriais e influência política, normatizações doutrinárias, dogmas e confissões. Quem conhece a história sabe que não estou mentindo, a adulteração do que propôs o Galileu é grotesca. 

Mas desmontar a engrenagem criada é quase impossível, porque junto com a queda de todo aparato vem também a destruição do poder de homens que se tornaram donos da marca “Jesus” e proprietários da holding “Igreja”. Se você, todavia, desejar voltar a simplicidade da fé e a pureza do Evangelho, é só viver na dimensão do que ele encarnou e ensinou, obviamente serás tachado de herege e desviante, de louco e blasfemo, mas, que importa, como bem disse Jiddu Krishnamurti, filósofo e educador indiano, “Não é sinal de saúde estar ajustado a uma sociedade doente”. 

Mas o chocante mesmo é perceber que o que nós chamamos de igreja não faria qualquer sentido para Jesus se ele estivesse vivendo encarnado entre nós... 

Carlos Moreira


30 julho 2018

Jesus Encenado por um “Traveco”? E por que não?





A polêmica da peça “O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu”, chegou aqui em Pernambuco, mais especificamente, no “Festival de Inverno” da charmosa cidade de Garanhuns.

O imbróglio começou antes mesmo da apresentação, com ordem e contra-ordem da Justiça, ora proibindo, ora liberando o evento. O último ato da prosopopeia se deu na sexta-feira - 27/07, quando o desembargador Roberto da Silva Maia, a pedido da Ordem dos Pastores Evangélicos de Garanhuns, proibiu a exibição da peça. Na sequência, todavia, o presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco, desembargador Cândido Saraiva, manteve a decisão inicial de que ela poderia ser apresentada ao público.

O espetáculo, que originalmente versa sobre um monólogo escrito pela dramaturga transexual escocesa Jo Clifford, passou a ser executado no Brasil pela transexual Renata de Carvalho. Nele Jesus é um travesti e, logo na primeira cena, de salto alto e vestido, se apresenta afirmando: "Vocês não imaginavam me encontrar aqui, vocês imaginavam me encontrar na igreja, mas na igreja não posso entrar". Confesso: já me apaixonei!

O roteiro interpretativo, numa releitura contemporânea, segue visitando parábolas e ensinamentos de Jesus onde é possível, por exemplo, ouvir: “Nunca disse: cuidado com os homossexuais, transexuais e gays. Eu nunca disse isso, eu disse: cuidado com os autoindulgentes e os hipócritas, cuidado com aqueles que se imaginam virtuosos e proferem julgamento, aqueles que condenam os outros e se consideram bons. Seus lábios são cheios de bondade, mas seus corações estão plenos de ódio”. Vibrei! Na esmagadora maioria das igrejas cristãs deste país algo tão sólido, que aponta inexoravelmente para a perspectiva do Evangelho, é dito com tanta determinação e verdade.

Bem, diante de tudo o que aconteceu, a primeira questão que desejo pontuar, apenas para lembrar-nos, é que o Estado Brasileiro é laico, ou seja, não arbitra nada no âmbito religioso, dando liberdade às pessoas para expressarem suas crenças como bem entenderem. Assim, a censura, que ocorreu em várias cidades do país, jamais poderia ser uma questão da justiça, uma vez que houve clara tendenciosidade religiosa para que a sanção fosse estabelecida. Afirmar que a peça “expõe símbolos religiosos ao ridículo” é, no mínimo, uma forçação de barra sem precedentes.

A segunda questão que me chamou à atenção é que o problema real está no fato da atriz que interpreta o papel de Jesus ser transexual. Creia: permitir algo desta monta é blasfêmia contra “Deus” e contra o cristianismo. Ora, Jesus já foi interpretado por incontáveis atores, em peças, filmes, musicais e, salvo em casos raros, como no polêmico “A Última Tentação de Cristo”, de Nikos Kazantzakis, com interpretação irretocável de Wilem Dafoe, não se viu qualquer tipo de manifestação ou censura. Aliás, aqui mesmo em Pernambuco, numa jogada marqueteira sensacional, a “Paixão de Cristo”, maior espetáculo ao ar livre do mundo, realizado na Semana Santa em Nova Jerusalém, faz todo ano um rodízio de Jesus com atores globais que provocam o maior frisson entre a mulherada. Lembro, num desses anos, que o Fábio Assunção, que não carrega reputação que corresponda aos critérios éticos e morais da “Santa Igreja”, interpretou o papel com a desenvoltura que lhe é peculiar. Amigos que foram ao espetáculo, para ver esse Jesus de olhos azuis e cabelos loiros sedosos, relataram o constrangimento de assistir cenas dos Evangelhos tendo ao fundo assobios, histeria e gritos de “gostoso”. Não lembro, todavia, de nenhum movimento de religiosos ou do poder público para proibir nada. Também, pudera, ali rola muita, muita grana mesmo...

Finalmente, nesta simples reflexão, lhe faço uma pergunta provocativa: “Você acha mesmo que Jesus está preocupado com o fato de uma transexual realizar uma peça teatral com uma releitura de suas falas, ainda que possamos enquadrar, aqui e ali, imprecisões quanto ao que está dito nos Evangelhos?”. Ora, meu amigo, Jesus entrou na casa de Simão, o fariseu, homem dito de Deus, dado aos ascetismos de Israel, ao cerimonialismo religioso vazio, as liturgias de purgação de pecados ineficazes, a reverência a forma e o culto a mecanicidade de um tipo de fé que nada pode produzir ao coração e a consciência, e ali teve seus pés lavados por uma mulher da vida, puta mesmo, que não se conteve e em uma explosão de amor, com suas próprias lágrimas, ungiu-lhe diante de todos. O religioso, escandalizado por saber que tipo de pecado ela carregava, fez sua censura pública e com gestos expunha sua reprovação. Jesus, todavia, repreendeu-lhe, e asseverando sobre a verdadeira espiritualidade, aplicou-lhe uma lição que serve, também, para mim e para você. Você acha que esse Jesus, que não é nutella, mas raiz, ia ficar chocadinho e ruborizado porque uma atriz trans está fazendo uma encenação dele numa apresentação cultural? Jesus não é travesti, ele sabe de si, ele é Deus, mas você tem que defender ele porque, quem sabe, o seu "Jesus" acabe entrando em crise com tudo isso. Ah meu Pai! Sabe de nada, inocente...

Concluo, portanto, pedindo que o estado, a justiça, e os religiosos deixem a Peça em cartaz, pois o próprio Jesus afirmou “Quem não é contra mim, é por mim”. Jesus "Traveco"? Gente do céu, é apenas uma peça, vocês não conseguem abstrair nada, tudo tem que ser a ferro e fogo. Num tempo onde os profetas estão mortos, Deus pode levantar transexuais para nos jogar na cara valores que temos negligenciado, como a tolerância, o respeito e o amor. Se a igreja pensa que tem o “copyright” de Jesus, que é dona da “marca”, que só ela pode falar em nome dele, é bom repensar seus conceitos, pois, tempos atrás, houve uma moçada lá em Israel que pensava a mesma coisa, e o final deles, como sabemos, foi trágico...

Carlos Moreira




24 julho 2018

Brasil: Mostra teu "Bumbum"!



Como bem disse o Tom, “O Brasil não é para principiantes”. O caso trágico da morte da bancária Lilian Calixto revela, com exatidão, como se organiza e vive a nossa sociedade, sobretudo, no que diz respeito às regulamentações, às leis, à forma como os serviços são prestados aos cidadãos. 

Não vou explicar os detalhes, porque o caso é público e com grande repercussão, mas apenas a “anatomia” da tragédia. Dr. Denis Furtado – carinhosamente apelidado de "Dr. Bumbum”, por aí você já começa a perceber a credibilidade do profissional, exercia a medicina de forma curiosa, realizava cirurgias estéticas sem cumprir o que legisla o Conselho de Medicina, ou seja, que procedimentos estéticos devem ser feitos por um cirurgião plástico, o que implica residência médica com dois anos de cirurgia geral e mais três anos de cirurgia plástica. Passou batido... 

Outro pequeno detalhe é que o Dr. Bumbum estava, desde março de 2016, sob a mira da justiça, uma vez que foi alvo de uma interdição cautelar para o exercício da profissão pelo fato de realizar atendimentos em local inadequado, com procedimentos e aparelhagem inapropriados. Mas a justiça, você sabe bem como é... Depois de três meses de suspensão, houve um recurso jurídico que liberou o médico para fazer o que não se pode fazer, da mesma forma de antes, até que o processo inicial seja julgado. E lá se foram 2 anos... 

Ocorrida a tragédia, que se deu no Rio de Janeiro, o Conselho de Medicina do DF, onde o doutor tem registro, cassou sua licença para exercício da profissão. Mas para ter validade, o Conselho Federal tem que ratificar, ou seja, como o Dr. Bumbum deve ser liberado em breve, mesmo com o registro cassado, poderá exercer sua atividade de cirurgião até que o processo seja definitivamente julgado, o que vai ocorrer em... Bem, você sabe como a banda toca... 

Outro detalhe inconveniente é que o Dr. Bumbum não podia exercer atividade médica no Rio de Janeiro, onde ocorreu a tragédia, uma vez que sua licença só é válida em Brasília e em Goiás. Mais um descuido, coisa pequena... 

Para abrilhantar ainda mais a história, é sabido que o Dr. Bumbum realiza propaganda de seus serviços em mídias sociais, onde é seguido por mais de meio milhão de pessoas, anunciando os benefícios de sua “arte”, o que é proibido por lei, uma vez que os anúncios não cumprem os rigores médicos que determinam a comprovação dos resultados através de métodos e técnicas aprovados pela comunidade científica. Não sei porque tanta picuinha... 

Finalmente, chegamos a Lilian, uma mulher de classe média, bonita, culta, com profissão reconhecida, que é vítima, sim, mas que também não tem como se evadir de ter culpa no cartório. E aqui eu nem vou entrar na questão da tirania da beleza escultural, ou na busca da plasticidade estética que ignora a ética, mas apenas no fato de que uma pessoa contrata um procedimento cirúrgico – qualquer médico pode lhe informar que procedimentos invasivos, por menores que sejam, apresentam riscos a vida – de um profissional que faz anúncios marqueteiros na internet, que não atende num hospital, mas em sua casa, que não tem registro no CRM regional para exercício da profissão, que não tem especialização para realizar o procedimento e que vai introduzir no seu corpo um material para modelar membros que não é aprovado pela comunidade científica para tal uso. Triste... 

Tenho reverência pela dor da família, mas escrevo o texto em protesto ao acúmulo dos desmandos, da insensatez, do descaso com a vida, da prática profissional mercenária, da justiça morosa, da falta de fiscalização de órgãos reguladores, e por aí vai... Dr. Bumbum não é apenas um médico escroto brincando de esculpir glúteos perfeitos, ele é o retrato do Brasil e do brasileiro, expõe as vísceras de quem somos, como vivemos e porque estamos do jeito que estamos. 

Termino constatando que, mais uma vez, a "esperteza" venceu a ética, pois a grande lição que nos deixa o Dr. Denis, parafraseado a sabedoria popular, é que “Plástico, no bumbum dos outros, é dinheiro”... 


Carlos Moreira



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