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Jesus dizia a todos: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me. Lucas 9:23.

30 setembro 2017

Toda Nudez Será Perdoada



“... Percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si ”. Gn. 3:7.

O texto revela o nascimento da consciência humana, agora capaz de discernir não somente o bem, mas também o mal. Adão e Eva estavam nus desde sempre, mas não se percebiam nus, não havia neles uma preocupação pudica ou moral, nem um sentimento erótico quanto a esse fato.

Como sabemos, Gênesis 3 possui uma narrativa mítica, mas serve, perfeitamente, para demonstrar como se deu o processo de construção de nossos valores, uma vez que se utiliza da nudez como forma de estabelecer conceitos como “certo” e “errado”. Desta forma, levando-se em consideração uma consciência em estado ainda infantil, não seria possível usar uma analogia muito diferente desta, portanto, a nudez ali não é a questão principal, uma vez que o ponto a debater não é a moral religiosa que herdamos da cultura judaico-cristã, nem muito menos algo ligado a sexualidade, mas, como o nosso olhar constrói o que, para nós, é certo ou errado, é bem ou mal.

Ora, eu não sou Deus, não sou capaz de julgar sem um viés entre o que é bom e o que não é, uma vez que estou aculturado e impregnado pela cosmovisão do mundo que habito. Eu não sou absoluto, como ele, mas relativo, meu olhar só consegue compreender as coisas a partir daquilo que já está instalado em mim como consciência pois, de outra forma, o que olhasse nada poderia me dizer.

Assim, quando o texto do Gênesis estabelece o conceito da moralidade (bem/mal) ele o faz da perspectiva humana, foram Adão e Eva que se perceberam nus, não foi Deus quem os avisou de tal fato mandando que se vestissem, donde se depreende que a moral religiosa não tem nada a ver com a Ética do Reino de Deus.

A não percepção desta verdade subjacente, a qual se encontra para muito além do “estar nu”, foi o que estabeleceu o paradigma que se ancorou na força do pressuposto religioso, o que fez com que o corpo, sobretudo os órgãos sexuais, fossem censurados e tidos, por nós, como meios pecaminosos.

Na verdade, o trato da igreja com o corpo e a sexualidade está fartamente influenciado pelo pensamento filosófico agostiniano que, além de neoplatônico, está "afetado" pelo seu próprio censo moral. Assim, o cristianismo tem estabelecido para si uma moral que é cultural e temporal, mas o Evangelho nos chama a viver a ética do Reino, atemporal e universal.

O corpo, portanto, não é feio, nem a nudez pecado, como querem ensinar os líderes religiosos, o que fez o homem ser expulso do paraíso não foi o sexo, nem o estar nu, mas o desejo de ser igual a Deus, a liberdade sem responsabilidade, a independência egoísta.

Tudo isto que disse até aqui foi para que eu pudesse afirmar que nudez é uma coisa e erotismo é outra. A nudez é a manifestação expressa da beleza do corpo, o erotismo, por sua vez, tem a ver com a forma como eu vejo a nudez, pois está pigmentado pelos meus conceitos e valores, minha visão de mundo e da vida.

Não é o corpo que é erótico, é a alma, como bem definiu a poetiza e filósofa Adélia Prado. O mal, portanto, não está naquilo que eu vejo, mas no “como” eu vejo, não está na nudez, mas como essa nudez se traduz em mim a partir de meus sentidos e dos conteúdos que eu carrego.

Fica, portanto, a dica, para quem quer andar livre, sem questões morais, mas tendo sempre o bom senso e a boa consciência como companheiros de jornada: olhe com amor, pois, sem amor, até o belo lhe parecerá feio. Traduzindo isto nas palavras insuperáveis de Jesus: “Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luz”...


Carlos Moreira


19 setembro 2017

"CURA GAY"?



Durante a era clássica, Estado e Igreja criaram e mantiveram estabelecimentos de controle e exclusão com vistas a neutralizar “devassos”, “feiticeiros” e outros desviantes para que não tivessem contato com a sociedade.

Em seu livro sobre a “História da Loucura”, Michel Foucault nos expõe essa realidade dramática e revela que, entre os “desviantes”, estavam também ou loucos, portadores da desrazão e, por isso, necessitados de ser isolados dos demais. A regra, portanto, visava o extermínio social, algo como: já que não consigo lidar com isso, então melhor que eu ampute essa gente do viver civilizartório.

A decisão de ontem de um Juiz Federal sobre liberar profissionais da saúde mental a exercer a chamada “Cura Gay”, ou seja, o uso de métodos não reconhecidos cientificamente para buscar erradicar a natureza homossexual de pessoas assim assumidas, ao meu ver, estabelece grande retrocesso no trato com a situação e os direitos dos homossexuais, além de representar, ainda que sutilmente, a necessidade de confinar, senão numa cela, mas num “diagnóstico”, aquele que não é igual a mim.

A decisão representa um desejo presente no inconsciente coletivo brasileiro, impregnado por questões religiosas ultra-conservadoras, que afirma algo como: “Já que não podemos trancá-los, institucionalizá-los ou amordaçá-los, vamos tratá-los como doentes, assim enquadramos seu comportamento como patologia e reforçamos nossa tese de que essa gente se constitui seres com “defeito de fabricação”.

Na verdade, o que está posto lida com a questão da homossexualidade como comportamento, e não como orientação, algo totalmente diferente, pois o comportamento pode ser mudado, a orientação não, pois representaria uma violência contra a natureza do indivíduo.

Eu tenho a certeza de que, profissionais sérios de saúde que lidam com estas questões, uma vez procurados por alguém com dificuldades com sua sexualidade, farão o possível para ajudar sem que a causa tenha contornos ideológico-religiosos. Contudo, uma vez que o Estado legisla sobre algo, e dá certa "legalidade" ao tema, abre precedentes não só jurídicos, mas sociais e filosóficos, para que haja o recrudescimento da questão e um retrocesso em conquistas adquiridas com muita dor e sofrimento.

Assim, repudio a decisão, repudio a cassação, repudio o preconceito, repudio a tentativa de tornar igual quem é diferente, e repudio a tese religiosa de que Deus não ame o homossexual não existindo para ele a possibilidade da salvação. Em Jesus, não há héteros ou homossexuais, a Graça foi derramada sobre todos, para todos e quem a abraçar terá a chance de celebrar, no último dia, a Festa do Perdão!

Portanto, não estamos diante do auxílio a pessoas que não estão confortáveis com sua condição sexual, mas do uso de métodos de "regressão", através de instrumentos não científicos, que na esmagadora maioria dos casos se revelaram inócuos e só serviram para aumentar traumas e medos, com vistas a tornar o indivíduo "normal" segundo um olhar profundamente ideologizado.

Quem quiser deixar de ser gay que deixe, por livre e espontânea vontade, e que busque meios sadios para tal, quem quiser ser, assumindo-se como de fato é, que seja, e que a sociedade respeite a escolha de cada um, pois ser homossexual nem é doença, nem crime, nem atentado a nada ou ninguém.

Carlos Moreira






14 setembro 2017

Esqueletos no Armário: o que a Vida Encerrou e Você Insiste em Manter

“Melhor é o fim das coisas do que o seu princípio”. Ec. 7:8. A sabedoria da vida nos ensina que o tempo pode ser um bom companheiro. Sim, o tempo é capaz de melhorar as pessoas, amadurecê-las, torna-las aptas a enfrentar as situações mais incontornáveis. Assim, o fluxo natural da existência deveria ser aquele que faz com que os cabelos brancos e as rugas sejam proporcionais a um coração quebrantado e um espírito manso. Mas nem sempre é assim... Eu tenho participado da história de muitas pessoas. Como pastor, aconselho decisões difíceis, me envolvo com dramas impensáveis, por vezes, vejo-me exposto a realidades dramáticas. E em tudo isso, que se constituí vasto material para minha própria aprendizagem, me dá tristeza quando percebo que o tempo, ao invés de produzir seus desdobramentos próprios no indivíduo, apenas o tornou pior, mais enrijecido, mas ensimesmado, mas prepotente. Surpresa maior é quando se trata de alguém que afirma conhecer a Deus, pois a síntese da mensagem do Evangelho passa pela reinvenção do ser, pela ressignificação da consciência e por uma nova matriz de valores, o que desemboca, de forma inconteste, na encarnação de uma outra história existencial. Como é trágico ver que, em muitas situações, a vida encerrou o caso e nós ainda insistimos em dar continuidade ao processo. Quando isso acontece, figuradamente, é como se estivéssemos pendurando esqueletos no armário, permitindo que a alma se torne um ossuário, um depósito de faturas pendentes contra as pessoas que nos magoaram ou mesmo nos fizeram mal. Viver assim é carregar um fardo que não nos deixa nem na hora da morte, pois os fantasmas do ódio, da inveja e da amargura teimam em nos visitar a cada manhã. Assista a mensagem e fique livre e em paz!


 

Apenas, Símbolos...



Jesus, em sua forma de ensinar, usou símbolos da cultura judaica, sobretudo, nas suas parábolas.

Foi assim que o vimos falar do grão de mostrada, do cordeiro, do pão, da videira, da água, do óleo, do peixe, todos elementos ligados a agricultura e a pecuária, base de sobrevivência do povo judeu.

Na verdade, o Galileu sabia que era muito mais fácil eles entenderem argumentos doutrinários a partir de imagens projetadas do cotidiano, e ele não se furtou a usar estes recursos.

Mas nada em Jesus é sacralizado a não ser a vida. Sim, pois em seu tempo, havia diversos objetos de culto no Templo, como a bacia, a mesa da proposição, o véu do reposteiro, os candelabros e o altar do incenso. Eram ornamentos belíssimos, obra de artífice, mas não se vê o Senhor fazendo apologia ou adoração a nada que fosse inanimado.

Portanto, ainda que eu entenda que os símbolos nos ajudam a compreender certas verdades, também compreendo que a única coisa que devemos tornar santa é a vida, preciosa que é aos olhos de Deus. A vida é o culto e os símbolos deste culto estão presentes na vida: graça, misericórdia, perdão, bondade, solidariedade.

Eu sei que a tradição da igreja sacralizou diversos símbolos e os tornou objetos de culto a Deus. No cristianismo, como em outras religiões, existe uma enormidade de artefatos sobre os quais se atribui a personificação do sagrado.

Mas, no Evangelho, nós não encontramos nada disso. Para Jesus, sagrado é aquilo que se carrega no coração e na consciência, e não a representação da obra humana em forma de totem.

Não desmereço os símbolos da fé que herdei, mas não os trato com nenhuma reverência que vá para além do reconhecimento de sua historicidade. Eu defendo a sã doutrina, não um crucifixo, defendo os valores do Reino, não um altar de madeira ou de pedra, defendo as Escrituras, não as representações de afrescos e pinturas, ainda que retratem personagens da fé.

Desta forma, os verdadeiros símbolos que os discípulos de Jesus carregam são: o seu Sangue, aspergido em nossa consciência, que propicia a remissão de pecados, o selo do seu Espírito em nossos corações, penhor da salvação e a manifestação dos valores do caráter de Deus, materializados em nossas ações.

Como podemos ver, todos são símbolo invisíveis e intangíveis, para que nada nem ninguém possa roubar a glória que é, única e exclusivamente, de Deus. Desta forma, quem quiser que brigue por causa de símbolos, eu, todavia, prefiro fazer com que o grande símbolo ainda continue sendo o amor...

Carlos Moreira


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É importante esclarecer que este BLOG, em plena vigência do Estado Democrático de Direito, exercita-se das prerrogativas constantes dos incisos IV e IX, do artigo 5º, da Constituição Federal. Relembrando os referidos textos constitucionais, verifica-se: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato" (inciso IV) e "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença" (inciso IX). Além disso, cabe salientar que a proteção legal de nosso trabalho também se constata na análise mais acurada do inciso VI, do mesmo artigo em comento, quando sentencia que "é inviolável a liberdade de consciência e de crença". Tendo sido explicitada, faz-se necessário, ainda, esclarecer que as menções, aferições, ou até mesmo as aparentes críticas que, porventura, se façam a respeito de doutrinas das mais diversas crenças, situam-se e estão adstritas tão somente ao campo da "argumentação", ou seja, são abordagens que se limitam puramente às questões teológicas e doutrinárias. Assim sendo, não há que se falar em difamação, crime contra a honra de quem quer que seja, ressaltando-se, inclusive, que tais discussões não estão voltadas para a pessoa, mas para idéias e doutrinas.

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