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Jesus dizia a todos: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me. Lucas 9:23.

18 setembro 2012

Homens que Marcam o Chão em que Pisam




Há homens que nascem para marcar o chão em que pisam. Eles são singulares, irrepetitíveis. Gente desta envergadura não se satisfaz em passar pela vida como turista. Eles desejam imprimir algo na história da humanidade, saciar o apetite de ir além do trivial.

Pensando nisso, lembrei que a indústria do entretenimento, motivada em reverenciar e imortalizar seus ídolos criou a famosa Calçada da Fama, em Hollywood. O seu longo passeio, de forma inusitada, está “eternizado” com as marcas das mãos e pés de centenas de celebridades do showbiz.
   
Mas para entrar nesse seleto hall é preciso atingir o “sucesso”, tornar-se midiático, e, não raro, extravagante. As marcas daquela calçada mais parecem “pegadas” que descortinam a história de cada um, todas escritas num chão comum. Mas foi a “poeira da existência”, acumulada pelos anos, o que acabou por esculpir na lousa da vida o que veio a se constituir narrativa pessoal.

O que tenho observado na “sociedade da imagem” é que só aqueles que escreveram seus nomes nas “Calçadas da Fama” se notabilizaram. Ninguém se atém às “pegadas” comuns daqueles que se levantam às cinco da manhã para realizar coisas corriqueiras. Gente que tem de caminhar pelo solo pedregoso da favela para apanhar a condução lotada e ir para o serviço. Eles entram nas fábricas, cumprem suas jornadas e recebem pelo que fazem. Mas, sem perceber, acabaram se tornando apenas peças da grande engrenagem que engole pessoas e devora o ser.

Pelas “calçadas da vida” há pegadas de muita gente boa, quase todas sobrepostas, o que nos mostra que, independentemente da direção, o caminho de todos os homens é sempre o mesmo. As marcas que produziram ficam apenas “impressas” no diário daquele dia, na rotina anônima de cada um. E assim, ao final da empreitada, todas desaparecem, sobra apenas a fadiga da alma e o cansaço do corpo.

Analisando tudo isso, ocorreu-me a figura de Moisés, o hebreu que conduziu o povo de Israel do Egito até a Terra Prometida. Sempre acreditei que o fato dele não entrar no lugar que fora prometido aos Patriarcas produziu uma imensa frustração, pois diz o Texto Sagrado que ele apenas viu a terra de longe e faleceu em seguida.

Como sabemos, Moisés caminhou 40 anos pelo deserto. Certamente neste tempo produziu muitas pegadas, mas todas foram apagadas pelo tempo e pela areia do solo da Palestina. Elas não ficaram esculpidas senão na sua alma, pois caminhar no deserto faz as pessoas enrijecerem a pele e abrandarem o coração. O “deserto” não é local para empreender uma carreira de sucesso, é lugar para forjar homens de valor.

A história de Moisés, de certa forma, é semelhante à minha, quem sabe, à sua. Eu já andei muito pelo chão da Terra, mas todas as minhas pegadas foram apagadas pelo tempo, delas nada restou a não ser a lembrança dos caminhos que fiz, tanto os que me conduziram à paz e ao bem quantos os que se constituíram veredas de sombra da morte.

Por isso, ao lançar o seu olhar sobre alguém, não busque apenas discernir se ele conseguiu ou não escrever seu nome no hall de galerias célebres, como a Calçada da Fama. Pois, como disse certa vez Clarice Lispector: “Antes de julgar a minha vida ou o meu caráter... calce os meus sapatos e percorra o caminho que eu percorri, viva as minhas tristezas, as minhas dúvidas e as minhas alegrias. Percorra os anos que eu percorri, tropece onde eu tropecei e levante-se assim como eu fiz. E então, só aí poderás julgar...”.

Às vezes, os grandes passos que damos não serão sequer percebidos, passarão incólumes da “plateia”. Eles não serão transmitidos em cadeia nacional de televisão, como foram os de Neil Amstrong, que pisou no solo lunar. Contudo, tais pegadas, feitas sob a poeira que se esvai, ao final de um dia comum, no solo sagrado da vida, revelam o caminho que um homem escolheu fazer, qual direção desejou seguir e que tipo de “frutos” colherá enquanto caminha.

Carlos Moreira

10 setembro 2012

Meu Vício é Viver




Fazer o quê? Não tenho como negar que há em mim essa disposição incansável de continuar, de persistir e resistir até ao improvável. Desenvolvi uma atração irresistível para tentar fazer o que outros não puderam, ir por onde muitos fracassaram, perseguir o que poucos conseguiram.

Fazer o quê? Eu gosto de frio, de chuva, de dias cinzentos, de engarrafamentos, de observar gente que vai e vem. Gosto da cidade grande, de cafeterias, livrarias, de boas conversas e mentes abertas. Gosto da solidão, da ocasião, de manteiga no pão e de por os pés na aspereza do chão.

Fazer o quê? Eu gosto de correr riscos, me expor e, por vezes, até de me contrapor. Mudo de faixa, mudo de lado, mudo de opinião, mudo às vezes fico, emudeço e deixo a mente vagar, transporto-me para outro lugar, fecho-me em copas, desapareço, saio de mim mesmo, deixo a casa e o ser vazios.

Fazer o quê? Tenho uma atração curiosa por coisas velhas. Admiro o retrô e possuo uma estranha saudade do passado. Não é nostalgia, mas gosto pelo antigo. Já senti muitas vezes que não faço parte deste tempo, deste mundo, desta geração. É pura contradição trabalhar com tecnologia e apreciar o rudimentar, o artesanal, o personalizado.

Fazer o quê? Já conheci muita gente, participei de muitas “rodas”, mas ainda não consegui fazer um amigo. Amizade é coisa difícil de conceituar, difícil de manter e mais difícil ainda de achar. Possuo, sim, muitos conhecidos, mas amigo, amigo mesmo, ainda não; quem sabe, um dia...

Fazer o quê? Eu sou exagerado, passional e ansioso. Tudo o que faço é extremado, é 8 ou 80. Não existe em mim meios-termos, nunca fui comedido, equilibrado, contido ou centrado. Sou excesso e paixão, sou intenso e emoção. A vida, essa sim, me pôs rédeas, o fracasso me impôs a razão e as quedas a ponderação. Mas não se engane, no fundo, ainda sou “bicho solto”.

Fazer o quê? Eu me enfado com a mesmice, não gosto de serializações, de rotinas, de agendas, de programas, de coisas ensaiadas, organizadas. Gosto do inusitado, da aventura, do improviso, do momento. Tenho ânsia em criar, sou movido por espasmos, impulsos violentos, saio do asfalto, ando por atalhos, crio meus próprios mapas, faço rotas onde não há estradas.

Fazer o quê? Apesar de toda a timidez, impensável para quem me aprecia, fato para quem me conhece, gosto de me expressar, sou ser polêmico, de opiniões firmes, convicções quais estacas fincadas no ser, por vezes, inamovíveis. Dificilmente ando de forma cartesiana, estou sempre na contra-mão, no contra-fluxo, do lado “errado” da rua, do lado de fora, onde há pouca ou nenhuma companhia.

Fazer o quê? Tornei-me alguém sem grandes ambições ou muitas pretensões. Como imaginava, na meia idade já conquistei tudo o que desejava meu coração. Um dia, é fato, eu quis dominar o mundo inteiro, mas isso quase me custou perder a minha alma. Ainda tenho uns poucos sonhos, que valem a pena ser sonhados, mas é coisa “rala”, simples e até fácil de se alcançar. 

Fazer o quê? Se ainda há tanto por fazer, e muito mais ainda para ser, não me venha falar em aposentadoria, ócio, feriado ou dia de Santo. Dá licença que eu vou passar, abra espaço que preciso seguir, estou grávido de esperanças e devo em breve parir singularidades. Sim, não espere por mim para o jantar, pois vou por esta estrada imprecisa, nesta ânsia de transcender, de ir além do que sou, tornar-me algo que ainda está por se fazer. E fazer o quê, se meu vício é viver?

Carlos Moreira

 

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É importante esclarecer que este BLOG, em plena vigência do Estado Democrático de Direito, exercita-se das prerrogativas constantes dos incisos IV e IX, do artigo 5º, da Constituição Federal. Relembrando os referidos textos constitucionais, verifica-se: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato" (inciso IV) e "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença" (inciso IX). Além disso, cabe salientar que a proteção legal de nosso trabalho também se constata na análise mais acurada do inciso VI, do mesmo artigo em comento, quando sentencia que "é inviolável a liberdade de consciência e de crença". Tendo sido explicitada, faz-se necessário, ainda, esclarecer que as menções, aferições, ou até mesmo as aparentes críticas que, porventura, se façam a respeito de doutrinas das mais diversas crenças, situam-se e estão adstritas tão somente ao campo da "argumentação", ou seja, são abordagens que se limitam puramente às questões teológicas e doutrinárias. Assim sendo, não há que se falar em difamação, crime contra a honra de quem quer que seja, ressaltando-se, inclusive, que tais discussões não estão voltadas para a pessoa, mas para idéias e doutrinas.

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