Pesquisar Neste blog

Jesus dizia a todos: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me. Lucas 9:23.

27 dezembro 2010

Natal e Contracultura


Qual o verdadeiro sentido do natal? O que significa de fato o nascimento de Jesus? A essas perguntas muitas, ternas, sublimes, bobinhas e infundadas respostas foram dadas.

A quem diga, por exemplo, que o natal é época de amor, paz e outros estados de espírito que não passam de meros artifícios retóricos e monótonos romanticamente construídos para fins religiosos 
igualmente românticos.

Mas absurdo ainda é dizer que o natal representa o nascimento do salvador. Pelo contrário, o natal deveria nos perturbar, pois o filho de Deus trouxe consigo a espada, veio para executar, condenar, questionar, contradizer um conjunto de coisas a muito estabelecidas.

Jesus nasceu, não sem motivo, numa manjedoura, numa estribaria desconfortável, fedorenta e insalubre. Caso viesse hoje, haveria nascido numa favela violenta, à margem da sociedade, em um barraco com chão de terra batida.

A caminha confortável de palha retratada nos presépios não passa de uma fantasia que tem como objetivo exaltar a pobreza limpinha e franciscana a qual o proletariado deve se submeter no inferno do mundo capitalista. Não me entendam mal, eu não sou marxista; é que fui possuído pelo espírito do natal!

Estranho isso: em Roma, um homem, Otávio, imperador romano, deseja ser Deus (augusto). Em Belém, Deus torna-se homem e habita entre nós; Jesus o Emanuel (Deus conosco).

O nascimento de Jesus, acreditem, tem um aspecto jurídico, é uma denúncia contra o nosso materialismo insano e desenfreado que nos transforma, em alguns casos, em idiotas ricos, mas ainda assim idiotas. A manjedoura não é um lugar, é um veredicto!

Depois desse nascimento impróprio para um messias, Jesus foi crescendo e tornou-se contracultura (é isso mesmo, ficou meio hippie). O desenvolvimento rápido do carpinteiro filho de José tornou as suas antigas roupas coronhas!

Daí em diante ele rompeu com a religião, começou a achar graça das atitudes caricaturais dos sacerdotes “espirituais” dos seus dias e ficou mais a vontade com prostitutas, publicanos e pecadores. Teria o mestre apostatado?

O centro religioso de sua época tratou de matá-lo é claro. Mas não sem que antes o nazareno pronunciasse em alto e bom som que “os últimos seriam os primeiros”. O mundo a partir de então virou de ponta cabeça.

Eis aí o verdadeiro sentido do natal: a inversão do status quo, a quebra da lógica ideológica, religiosa e dominante do mundo no qual nasceu. Nascesse Jesus mil vezes, mil vezes o mataríamos!

André Pessoa via Século XXI

O “Espírito do Natal” não é o Espírito de Jesus


Uma das canções natalinas mais bonitas que eu já ouvi é “So this is Christmas”, de John Lennon. A letra inteligente, cheia de humanismo e poesia, politicamente correta, soma-se a uma melodia que faz a alma alçar vôos. 


Não sei se você já prestou atenção, contudo, que nesta composição não há nenhuma referência a Deus, a Jesus, ao advento, ou a qualquer coisa que lembre o verdadeiro significado do Natal. A impressão que me dá quando a ouço é que ela está celebrando algo, mas isto não tem qualquer ligação com o título que a canção trás. 


Você conhece o significado da expressão “zeitgeist”. Trata-se de um termo alemão que quer dizer “espírito do tempo” ou “espírito da época”. Na prática, “zeitgeist” é a síntese do pensamento intelectual e cultural do mundo num determinado momento, as características de um período da história da humanidade. Sua conceituação filosófica está construída, essencialmente, sobre a obra “Filosofia da História” de Friedrich Hegel.  


Estou usando este conceito apenas para sedimentar o meu pensamento sobre um fenômeno que percebo acontecer em nossos dias: a paganização do Natal. Ouso afirmar que, para a grande maioria das pessoas, comemorar o Natal é festejar a paz, a felicidade, a harmonia, o perdão e a generosidade, assim como está dito na canção de Lennon. Tudo isto tem extraordinário valor e significado, mas não tem qualquer relação com o que, de fato, é intrínseco, imanente a esta celebração.


Natal tornou-se a época das confraternizações, de irmanarmo-nos com nossos semelhantes, de tornarmo-nos mais sensíveis, abertos a “percepções” espirituais. Natal é a festa do Papai Noel, da árvore enfeitada, da ceia com cardápio refinado, guloseimas das mais diversas, vinhos e espumantes. Natal é o momento de trocar presentes, de iluminar as casas, a cidade, de mandar cartões e enviar mensagens de otimismo, de amor e esperança. 


Observando o processo, tenho a impressão de que, no mês de dezembro de cada ano, todos nós ficamos como que “possuídos” pelo “Espírito do Natal”. Na prática, é como se algo invadisse o inconsciente coletivo das pessoas, um fenômeno quase “materializável”, como um “ente” metafísico que ganha vida própria. A partir daí, esse “ente” passa, então, a influenciar e conduzir nossos sentimentos, pensamentos e ações. Em suma, esse tipo de “natal” transformou-se em algo como “zeitgeist”.


Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus... esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens... Humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz!". Fp. 2:5-8


Eis, de forma clara, o que significa Natal! Natal é a celebração da encarnação de Deus entre os homens na figura histórica de Jesus de Nazaré! Natal é a manifestação concreta de um amor indescritível, imensurável e incompreensível, da ação unilateral de um Deus apaixonado que, num ato de sacrifício extremo, resolve tornar-se um de nós, e isto com vistas a pacificar a nossa existência através da nossa reconciliação com o Criador. 


Tristemente, tanto o Natal quanto a Páscoa, as duas mais importantes celebrações cristãs, esvaziam-se a cada ano em propósitos e significados, perdem sucessivamente, mesmo entre o povo dito de Deus, seus desdobramentos mais profundos. Fomos entorpecidos pelo “zeitgeist”; deixamo-nos “encantar” com presentes, comes e bebes, pirotecnia, luzes e festas, e esquecemo-nos de que, um dia, sob o céu estrelado da Palestina, na cidade de Belém, dentro de uma estrebaria, Deus tornava-se homem e constituía-se na única alternativa de reconduzir o homem até Deus.     

Por fim, quero lhe dizer que não tenho nada contra a festa, os cartões, as confraternizações ou o Papai Noel. Não sou daqueles que ficam cassando “bruxas”, fazendo exegeses bizarras, inventando modismos, que proíbem comemorações e vêem o diabo em tudo. Mas também não quero estar entre os que, por falta de discernimento e consciência, por falta de entendimento e reverência, perderam a percepção de que o “Espírito do Natal” e o Espírito de Jesus são, em nosso tempo, coisas totalmente diferentes.

Carlos Moreira

Mais Lidos

Músicas

O Que Estamos Cantando

Liberdade de Expressão

Este Site Opera Desde Junho de 2010

É importante esclarecer que este BLOG, em plena vigência do Estado Democrático de Direito, exercita-se das prerrogativas constantes dos incisos IV e IX, do artigo 5º, da Constituição Federal. Relembrando os referidos textos constitucionais, verifica-se: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato" (inciso IV) e "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença" (inciso IX). Além disso, cabe salientar que a proteção legal de nosso trabalho também se constata na análise mais acurada do inciso VI, do mesmo artigo em comento, quando sentencia que "é inviolável a liberdade de consciência e de crença". Tendo sido explicitada, faz-se necessário, ainda, esclarecer que as menções, aferições, ou até mesmo as aparentes críticas que, porventura, se façam a respeito de doutrinas das mais diversas crenças, situam-se e estão adstritas tão somente ao campo da "argumentação", ou seja, são abordagens que se limitam puramente às questões teológicas e doutrinárias. Assim sendo, não há que se falar em difamação, crime contra a honra de quem quer que seja, ressaltando-se, inclusive, que tais discussões não estão voltadas para a pessoa, mas para idéias e doutrinas.

Visualizações de Páginas

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More