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Jesus dizia a todos: "Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me. Lucas 9:23.

29 julho 2009

O Fracasso do Sucesso


O economista Jeremy Rifkin, escritor do livro "O Fim dos Empregos" afirmou, há quase uma década, que o futuro do mercado de trabalho convencional, como até então se conhecia, estava com os dias contados. O fato devia-se a busca frenética, por parte das empresas, da expressiva redução dos custos de produção com vistas a tornar bens e serviços cada vez mais competitivos e lucrativos, o que só seria possível, com uma significativa eliminação de postos de trabalho. Infelizmente, ele tinha razão. O desemprego é hoje uma realidade global, sobretudo, em grande parte do continente europeu e nos países subdesenvolvidos do resto do mundo.

Foi dentro deste cenário, respaldado por autores consagrados como Philip Kotler e Jerome McCarthy, que surgiu o marketing pessoal. De forma simplista, trata-se da geração de ações promocionais de valorização pessoal que colocam o profissional no lugar certo, na hora certa, com vistas a proporcionar as organizações, ou pessoas para quem trabalhe satisfação plena e, para si mesmo, novas e constantes oportunidades.

Rapidamente ações de marketing pessoal tornaram-se uma “febre” no mercado. A tônica era a seguinte: você é um produto! Por isso, venda-se bem se quiser ser “consumido”. Para tornar o slogan marketeiro realidade, um sem número de ações passou a fazer parte da vida de profissionais e executivos, indo desde investimentos no network relacional, até aos cuidados com a higiene e a aparência.

Como sabemos, muito do que acontece no âmbito empresarial acaba sendo copiado, logo em seguida, pela igreja institucional. Com o marketing pessoal não foi diferente. O que tenho visto, no circuito da música, por exemplo, são “cantores gospel” gastando muito dinheiro na contratação de empresas especializadas para realizar, através de shows, a divulgação de “seus trabalhos”. Pastores estão, cada vez mais, atrás de fórmulas profissionais para promover “seus” próprios “ministérios”. Talvez estejam em busca de uma comunidade maior, melhor, e que lhes pague mais dinheiro. Observo “igrejas” atraindo pessoas, com eventos de prateleira feitos sob medida, como se elas fossem apenas “consumidoras” de produtos eclesiásticos, sempre com o objetivo de manter aquecido o rentável e maravilhoso “mercado da fé”.

Sobre este assunto, Karina Bellotti, professora, doutora em história cultural, que lançou um livro sobre o fenômeno do movimento evangélico brasileiro, fala em recente entrevista a uma revista secular, que “Desde os anos 1990, ser evangélico virou um evento midiático, que trouxe visibilidade a esse grupo social, e que atualmente vem passando também pela construção de um mercado consumidor de produtos...: música gospel, personagens infantis como Smilingüido, artistas que se converteram, etc.”.

Não desejo mais prosseguir com isso... Permita-me, apenas, ir as Escrituras. “Passadas estas coisas, Jesus andava pela Galiléia, porque não desejava percorrer a Judéia, visto que os judeus procuravam matá-lo. Ora, a festa dos judeus, chamada de Festa dos Tabernáculos, estava próxima. Dirigiram-se, pois, a ele os seus irmãos e lhe disseram: Deixa este lugar e vai para a Judéia, para que também os teus discípulos vejam as obras que fazes. Porque ninguém há que procure ser conhecido em público e, contudo, realize os seus feitos em oculto. Se fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo”. Jo. 7:1-4.

O contexto da passagem não requer grande exegese. Está claro que a própria família do Senhor não acreditava no Seu ministério, pelo menos, não do jeito que ele estava sendo conduzido. De fato, eles podiam ver as obras que Jesus realizava, mas isto, por si só, não era suficiente para “catapultá-lo” no “mercado da fé”. O problema, na minha ótica, residia em duas questões principais: (1) Ele não estava agradando boa parte do Seu público – “...visto que os judeus procuravam matá-lo”; e (2) Seus feitos não tinham grande visibilidade – “...se fazes estas coisas, manifesta-te ao mundo”. Fico pensando: será que a família de Jesus estava lendo Kotler?

Para mim, não é difícil entender porque eles estavam tão descontentes! A questão é que Jesus realizava o anti-marketing pessoal: trabalhava em silêncio e comportava-se com discrição. Não raras vezes exortou àqueles que foram curados para não declarar nada a ninguém. Sim, Ele tinha um propósito, e este não era agradar as pessoas e nem, muito menos, divulgar-se a Si mesmo – “...a minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra”, Jo 4:34. A razão de Sua existência, como Deus-Homem, era executar uma missão que, aos olhos naturais, estava encoberta, mas, ao ser manifesta, revelaria com que grande amor Deus amou os humanos caídos.

Quero denunciar algo de forma profética: há um “espírito” enganoso pairando sobre todos nós! Ele intenta nos levar a cometer dois terríveis erros: pregar um “evangelho” que agrade as pessoas, e não o Evangelho que as leve ao arrependimento, mediante a ação soberana do Espírito Santo, e buscar a promoção de nossos próprios ministérios, como se de nós mesmos pudéssemos realizar algo, ao invés de promover o Reino de Deus e a Sua justiça.

Eu imagino que todos nós já lemos a carta de Tiago. Nela nos deparamos com a dura realidade de que somos tentados pelas nossas próprias cobiças. Esse desejo de auto-promoção não é coisa nova, mas, pelo contrário, sempre esteve presente na história humana e, não raras vezes, está exposto e patente na própria Escritura, para advertência nossa, imagino eu.

Permita-me lhe fazer uma pergunta e, se possível, responda-me com a máxima honestidade: você já foi tentando a utilizar o marketing pessoal no seu ministério? Não? Pois eu já fui! Aliás, ainda sou e, provavelmente, amanhã o serei. É minha fraqueza. Talvez, até, a de outros também. Mas a bíblia afirma: “o que confessa, se arrepende e deixa, alcançará misericórdia”. Eis, então, a minha pública confissão...

Já estou com mais de 40 anos; 42 para ser exato. O sentimento é o de quem chegou a metade da existência de mãos vazias. Como já disse em outros textos, aos 40 a gente se sente meio que no meio do nada. Instala-se dentro de nós, sem qualquer permissão, a famosa crise da meia idade, onde sofre-se pelo o que não se foi, e anseia-se pelo que não se pode ser.

Olho para o “meu” ministério achando que ele é meu. Sinto o tempo passando... Dá uma certa angústia... Muitos dos que caminhavam comigo, alguns dos quais eu mesmo discipulei, foram ordenados bem antes de mim e, portanto, já realizaram mais obras do que eu. O tempo não para... Indago-me: o que vou dizer ao Senhor? O que vou apresentar a Ele naquele último dia? Eu sei que a obra de Deus é no ser, não no fazer, pois fazer é sempre conseqüência do ser. Mas sinto uma agonia... Vem de dentro para fora. E o tempo devorando tudo... Minhas certezas viraram dúvidas; o que um dia foi chão, agora é só poeira; aquilo que me parecia alcançável, distanciou-se tanto, que já nem posso ver.

Na minha arrogância, fico pensando: tanto potencial, com tão pouca utilização. Que grande desperdício! Inquieto-me. Preciso fazer algo, mostrar ao mundo que eu estou aqui, pronto, e à disposição. Eu poderia estar escrevendo livros, artigos para revistas, poderia estar pregando em congressos ou gravando CD’s. Queria viajar, abrir Igrejas, ir para a TV, fazer isso, aquilo e aquilo outro... Aí vêm os questionamentos: "a quem estou querendo promover? Com que propósito eu fui ordenado? Que ministério é este que Deus me deu?" Em seguida, reflito comigo mesmo: "isto está me fazendo mais mal do que bem". E é no meio desta contradição que ouço a voz suave do Espírito: “eu te atraí com cordas humanas, com laços de amor; sou para ti como quem alivia o jugo...”.

Num mundo feito para os campeões, como disse o Gondim, eu sei que sou apenas um “perdedor”. Queria chegar ao lugar mais alto do pódio, mas sinto-me como quem está afundado num tremedal de lama. Ó, Senhor, livra a minha alma! Não me permita sucumbir em meus próprios devaneios. Livra-me, Senhor, de mim mesmo! Salva-me dos meus próprios planos! Ajuda-me a ser como João Batista, que desejava te ver crescer, ainda que, para tal, ele tivesse que diminuir. Contudo, eu Ti confesso: como é difícil fazer a Tua vontade...

Quero compartilhar o que, a duras penas, tenho aprendido: há um tipo de sucesso que nada mais é do que fracasso, pois é na humilhação do ser que Deus é exaltado. Vivo dias em que o Senhor está arrazoando comigo. Sim, Ele me chamou, exatamente como fez com Jó, para uma conversa franca e aberta sobre os segredos do coração e os propósitos da existência. É inevitável não lembrar de Jeremias: “esquadrinhemos os nossos caminhos, provemo-los e voltemos para o Senhor”. Sim, Pai, deixe-me retornar. Quero voltar ao primeiro amor. Permita-me, apenas, promover o Teu Reino, pregar a Tua mensagem e engrandecer o Teu nome. Não seria isso bastante para mim?

Lembrei-me, também, de Filipe... Sim, Filipe, o diácono que deixou o avivamento de Samaria para pregar a um eunuco solitário, no meio do deserto. Já pensou que coisa mais maluca? Sair do meio da multidão para ir para o nada! Gente se convertendo, milagres acontecendo e, cadê o Filipe? Sumiu! Logo agora? No meio deste evangelismo de impacto? Trio elétrico tocando, ministério de dança, teatro, pregação de cura, libertação e, cadê o homem? Foi pregar para o eunuco! Que eunuco? Onde? Por quê? Que loucura é esta mensagem da cruz! Quão insondáveis são os caminhos desse Deus que ama os perdidos.

“A minha graça te basta, pois o poder se aperfeiçoa na fraqueza”. Eis onde está a minha esperança! Sucesso, sem Deus, é fracasso; vitória, sem Deus, é derrota; alegria, sem Deus, é tristeza; riqueza, sem Deus, é miséria. Obrigado, Senhor, porque um dia Tu me chamaste das trevas para a luz. Sim, Pai, muito obrigado porque me destes um motivo para viver, um propósito para existir e uma mensagem para pregar. Tudo é Teu! Tudo veio de Ti, e para Ti voltará. Por isso, Sole Deo Gloria!

Meus amigos de jornada, para mim chegou o momento de abandonar a teoria, pois está mais do que na hora de caminhar no caminho, e não apenas falar dele. No final, eu sei, permanecerá apenas a fé, a esperança e o amor. Tudo o mais passará, até mesmo a vida.

Portanto, Senhor, minha oração é que Tu me dês força para os braços e pernas, para que eu possa Ti servir com alegria, reverência para que o coração seja sempre agradecido, pacificado na graça, e um espírito manso, humilde e quebrantado, para fazer hoje, amanhã, e enquanto em mim houver fôlego de vida, a Tua vontade. E que, para tal, Tu me concedas a nobreza de aceitar ser aquilo que desejas, e não aquilo que eu quero ser...

Sola Gratia!

Carlos Moreira

A Marca da Besta


É com revolta que vejo o que está acontecendo com aqueles que governam o nosso país. Com tristeza constato que a nossa nação elegeu a impunidade como regra e a improbidade como lema, ambas ervas daninhas que se proliferam, sobretudo, em ambientes onde há a perda da capacidade reflexiva e, por conseguinte, da deliberação em prol do que é ético, justo e bom.

Em 2010 estamos fadados a participar do triste espetáculo que será a campanha eleitoral, a qual promete, e promete muito. Os partidos travarão, sem dúvida alguma, uma luta acirrada, sobretudo, porque sobra “munição”. Por isso é bom estarmos preparados para o festival de baixarias que vem por aí...

Surpresas? Ainda? Talvez. A última, quem diria, veio do PT. A queda vertiginosa da estrela do Partido dos Trabalhadores, que despencou dos “pícaros da glória” e vem se desintegrando como se fosse um meteorito entrando na atmosfera, surpreendeu não só os mais de 50,0 milhões de eleitores, que votaram na legenda, mas também a sua própria militância, historicamente engajada e responsável. A “marca” PT, que era sinônimo de austeridade e honestidade, está hoje associada à corrupção.

Infelizmente, ou felizmente, surgiu diante de nossos olhos às “vísceras” de um engenhoso sistema político-econômico que, administrado por gente influente do governo e do setor privado, alimentou toda uma máquina de crimes que funcionava a base de superfaturamento, caixa dois e lavagem de dinheiro, o que caracterizou o esquema como um dos maiores de todos os tempos em termos de ilicitudes.

Diante de tudo isto o que nos restou foi a triste melancolia do fim de um sonho – Lula lá! Sucumbe com ele o que ainda nos restava de ingenuidade. Índice de aprovação baseado na esmagadora maioria de miseráveis mantidos pela "ração" do Bolsa Família é algo só para "gringo" ver... Se a esperança é a última que morre, talvez, então, seja bom começar a pensarmos no seu funeral.

Todavia, e é importante que se diga, esse sistema evocado pelo PT não traz nada de novo. Enganam-se os que assim pensam. Na verdade, ele é filhote de um outro, muito maior e mais abrangente, e que, de forma semelhante, se alimenta dos mesmos insumos: ganância, inveja, mentira, maldade, exploração, astúcia, vaidade e tudo o mais que se chama pecado, e que, de forma inexorável, atua como “princípio metabólico” na alma de todo o ser humano.

Pois bem, foi pensando nisto, e na “marca” do PT, que eu acabei lembrando de uma outra marca, a “marca da besta”, aquela que aparece descrita no livro de Apocalipse: “a todos, os pequenos e os grandes, os ricos e os pobres, os livres e os escravos, faz que lhes seja dada certa marca sobre a mão direita ou sobre a fronte, para que ninguém possa comprar ou vender, senão aquele que tem a marca, o nome da besta ou o número do seu nome. Aqui está a sabedoria. Aquele que tem entendimento calcule o número da besta, pois é número de homem. Ora, esse número é seiscentos e sessenta e seis”. Ap. 13:16-18.

Deixe-me dizer, antes de qualquer coisa e, sobretudo, para evitar a pichação de herege, que nem eu creio que o PT represente um “sinal apocalíptico”, mesmo levando-se em consideração toda a “destruição” que causou, nem muito menos que o Lula seja o anti-Cristo. Isso, então, seria ridículo! Estou fazendo este esclarecimento para evitar que, amanhã, meu texto seja usado de forma indevida, ou seja, fora de seu próprio contexto.

Posto isto, voltemos à Apocalipse 13. Ouso afirmar que aí está uma das mais polêmicas passagens das Escrituras Sagradas. Sobre ela já li e ouvi quase todo tipo de interpretação, desde as bizarras, passando pelas absurdas, e chegando, em alguns casos, as hilárias. Na verdade, raríssimos são os escritos sobre esse tema que são sérios e centrados.

Só para você ter uma idéia, a “marca da besta” já foi atribuída às tatuagens, ao código de barras, aos cartões de crédito, e, hoje, está sendo associada à um chip eletrônico, que pode ser introduzido de forma subcutânea no organismo, com o objetivo de repassar informações de uma pessoa para um computador. Será que agora não seria ela?

De fato, não sei, e, sinceramente, quero fugir dessa discussão. Ficarei distante, inclusive, de comentários exegéticos mais aprofundados sobre o texto. Isto fica para outra oportunidade. Neste momento, desejo apenas suscitar uma reflexão quanto ao que, indubitavelmente para mim, tem maior significado e aplicação, ou seja, que a chancela – “marca da besta” – trás associada a si, dentre outras coisas, um poderoso sistema de valores e princípios que pode incorporar-se ao proceder dos homens sobre a terra.

Se olharmos para Apocalipse 13, como pessoas normais, e não como ghostbusters (caçadores de fantasmas), veremos certamente menos mistérios do que pareça ali existir e, sendo assim, teremos a opção de desviar nossa atenção para aquilo que pode dar ao texto maior significado para o aqui, e o agora.

Como ponto de partida, vamos pensar o seguinte: o que é a “marca da besta”? Seria apenas um logotipo que identifica quem se associou, deliberadamente, ao diabo? Talvez isso seja muito religioso. Quem sabe, então, um instrumento de inclusão/exclusão social que acabará por criar o grupo dos “sem-marca”? Não sei... Parece político demais. Que tal algo mais subliminar e, aparentemente inócuo: administrar, através do uso de uma tecnologia seletiva, os negócios de pessoas e empresas para ter, sobre elas, controle? Ainda tenho dúvidas... Mesmo sendo a versão mais aceita, parece ter um viés excessivamente econômico.

Mas, vamos lá: se o significado for esse último, qual seria sua aplicação imediata? Separar, através de critérios financeiros, os “escolhidos” dos “não escolhidos”? E, se for assim, quem optar em permanecer no “sistema” vai para o inferno? E quem não optar, vai fazer o quê? Vai sobreviver como? Saindo do mundo?

Na verdade, não tenho respostas para nenhuma destas perguntas, pois não sou mago, mas apenas profeta. Entretanto, fico feliz em saber que tudo isto ainda está muito longe de nós, uma vez que só se processará no “tempo do fim”. Apenas ali é que a “marca da besta” será imposta aos homens como escolha existencial que determinará a sua “sorte” sobre a terra. Será...?

No meu entendimento, a interpretação do texto deve ser aplicada para o “dia chamado hoje”, pois, sendo o mesmo uma chave hermenêutica, pode me ajudar no caminho que estou construindo com Deus, entre os homens. Desta forma, a ótica da minha análise passa a ser completamente diferente.

Em primeiro lugar, diferente porque não creio que a “marca da besta” seja algo que se manifestará apenas no tempo chamado de fim, antes, pelo contrário, que atua desde sempre, ou seja, é atemporal. Por isso, acredito que João, na verdade, ao escrever-nos a carta na Ilha de Patmos, revelou-nos não só o que estava por acontecer, mas, sobretudo, o que já operava claramente nos seus próprios dias.

Em segundo lugar, não creio que a “marca da besta” esteja apenas confinada a um determinado “evento” – no caso, comprar e vender – mas a toda produção humana baseada em um conjunto de valores e princípios que são contrários a Deus. Desta forma, afirmo que a “marca” diz respeito a algo muito mais amplo, ou seja, a um modus operandis que nos revela como “as trevas”, de forma concreta, atua neste mundo caído.

Em terceiro e último lugar, não creio que a “marca da besta” seja algo seletivo do ponto de vista pessoal, mas, pelo contrário, que é impessoal, podendo aplicar-se a qualquer um, ou seja, “a todos, os pequenos e os grandes, os ricos e os pobres, os livres e os escravos...” a partir de suas próprias escolhas e ações. Assim, o que faz com que a “marca” se fixe como tatuagem não apenas na pele, mas, sobretudo, na alma e no coração, é a sistematização de um proceder que é contrário aos pressupostos do Reino de Deus.

Pois bem, foi utilizando a premissa que impõe, para o futuro, a “marca da besta” àqueles que desejam continuar com suas atividades econômicas que consegui identificar que, no presente, o mesmo “princípio” opera também, e livremente, em muitas das práticas vigentes, sobretudo naquilo que não carrega em si mesmo o peso de pecados que são considerados “capitais”, e por isso, chamam menos a nossa atenção.

Desta forma, a “marca da besta” pode se revelar, por exemplo, na compra de um CD ou DVD “pirata”, feita na “loja da rua”, onde, pelos menos, dois crimes ignorados estão qualificados: o de violação de direitos autorais e o de sonegação fiscal.

Ela também aparece quando o imposto de renda é sonegado, ou extraindo-se dele coisas, ou acrescentando-se. Está naquele recibo forjado, comprado do médico, do dentista ou do advogado, para que se possa reverter uma situação desfavorável, ou mesmo aumentar vantagens já obtidas.

Podemos encontrá-la ainda no “caixa dois”, prática comum não apenas no desacreditado PT, mas na grande maioria das empresas deste país. Aliás, o próprio Presidente da República disse que, em se tratando de partidos políticos, o “método” era a prática vigente, ainda que velada.

Sem grandes esforços, veremos a “marca da besta” nas operações de compra/venda, como também viu o apóstolo João. Ela está na nota fiscal subfaturada, que registra metade dos produtos adquiridos, com metade do valor a ser pago, e, por conseguinte, metade do imposto a recolher. Ou pode ainda está na própria inexistência da mesma, pois é bem provável que você já tenha ouvido a expressão: “é com nota ou sem nota?”.

Vejo a “marca da besta” no suborno do guarda de trânsito, na não assinatura da carteira de trabalho da empregada doméstica, no negócio que funciona sem licença da prefeitura, no software que não está legalizado, e em tantas outras coisas que poderia fazer um livro sobre “as práticas não evangélicas dos santos evangélicos”.

Agora, me responda, honestamente: em tudo que citei, ou no que deixei de citar, mas você pensou/lembrou, está ou não está presente a “marca da besta”? Fica ou não patente um sistema de valores e princípios que depõe contra tudo aquilo que é verdadeiro, respeitável, justo, puro, amável e de boa fama?

E se é assim, diante deste contexto mais amplo, resta-nos apenas três opções: 1) fazer de contas que estas práticas não têm maiores significados e desdobramentos; 2) racionalizar a aplicação do texto bíblico com sistematizações e interpretações teológicas; ou 3) olhar para a vida com desejo verdadeiro de que esta “marca” não se instale em nós: nem naquilo que fazemos e nem, muito menos, naquilo que somos.

Se escolhermos o cinismo, para mascarar práticas lesivas, estaremos corroborando com boa parte dos políticos e governantes do nosso país, os quais preferem sempre varrer a sujeira para "debaixo do tapete". O pior de tudo, é que isso certamente nos associará à “doutrina dos fariseus”, aquela que vive de coar o mosquito e engolir o camelo.

Se formos para o terreno das interpretações, corremos o risco de chegar a lugar algum, pois boa parte dos teólogos discute esses temas há anos sem chegar, contudo, a qualquer conclusão, pois parecem aprender sempre e não entender jamais. Podemos, sim, é “ficar presos” à retórica, aguardando a “luz da revelação” para nos deliberarmos a agir. Lembre-se que é daí que surgem teorias como a dos dispensacionalistas, dos pré-, a-, e pós-milenistas, dos pré-, a-, e pós-tribulacionistas, daqueles que vivem para averiguar tempos, datas, códigos e números.

Mas nós podemos, a partir de uma análise mais simples, com sinceridade, contrição e arrependimento, confessar ao Senhor que temos andado por maus caminhos. Podemos dizer-Lhe que não queremos fazer parte deste sistema caído, desta máquina que nos empurra para a morte, ao invés de nos escondermos atrás de escusas do tipo: “se eu não fizer assim não vou conseguir sobreviver”.

Meu medo é que por trás de tudo isto esteja escondido um grande engodo, ou seja, que os nossos atos no presente, os quais ferem princípios e valores de Deus, não trazem conseqüências maiores para o ser. Entretanto, baseado no mesmo padrão de comportamento, o qual, estranhamente, não se aplica ao “tempo do hoje”, mas, apenas, ao “tempo do fim”, todos nós estaríamos condenados, e de forma irremediável, ao julgo de satanás e ao inferno de fogo.

Se você me perguntar se eu creio no que diz Apocalipse 13, sobre a marca e o número da besta, eu lhe direi: certamente! Creio que no final dos tempos muito do que se processou nos dias de João voltará a acontecer, pois os “ambientes proféticos” são cíclicos e podem, por assim dizer, repetir-se de tempos em tempos.

Entretanto, há coisas ocultas que jamais serão esclarecidas a não ser que o Senhor as queira revelar para nós. Por isso, atendo-me mais ao “Espírito da letra”, do que a “letra” propriamente dita, acredito não precisar circunscrever “a marca da besta” apenas ao final dos tempos, uma vez que, para mim, ela já opera como princípio-sistema desde os primórdios, ou seja, já estava presente nos dias de Caim, que recebeu na fronte uma “marca” que atestava, dentre outras coisas, que nele operava um instinto homicida.

Minha oração é para que o Senhor nos livre HOJE da “marca da besta”, e nos ajude a ter apenas a Sua marca, aquela que nos foi atribuída pelo precioso Sangue da Aliança, o qual foi derramado pelo sacrifício do Cordeiro eterno, antes mesmo de existirem homens sobre a Terra. A Ele, que nos transportou do império-sistema-das trevas para o Reino do Filho do Seu amor, seja o louvor e a adoração pelos séculos sem fim.

Sola Gratia!

Carlos Moreira

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É importante esclarecer que este BLOG, em plena vigência do Estado Democrático de Direito, exercita-se das prerrogativas constantes dos incisos IV e IX, do artigo 5º, da Constituição Federal. Relembrando os referidos textos constitucionais, verifica-se: “é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato" (inciso IV) e "é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença" (inciso IX). Além disso, cabe salientar que a proteção legal de nosso trabalho também se constata na análise mais acurada do inciso VI, do mesmo artigo em comento, quando sentencia que "é inviolável a liberdade de consciência e de crença". Tendo sido explicitada, faz-se necessário, ainda, esclarecer que as menções, aferições, ou até mesmo as aparentes críticas que, porventura, se façam a respeito de doutrinas das mais diversas crenças, situam-se e estão adstritas tão somente ao campo da "argumentação", ou seja, são abordagens que se limitam puramente às questões teológicas e doutrinárias. Assim sendo, não há que se falar em difamação, crime contra a honra de quem quer que seja, ressaltando-se, inclusive, que tais discussões não estão voltadas para a pessoa, mas para idéias e doutrinas.

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